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DE MADRUGADA
E no primeiro dia da semana Maria
Madalena foi ao sepulcro, de madrugada, sendo ainda escuro, e viu a pedra
removida do sepulcro.
JOÃO (20:1).
Não devemos esquecer a circunstância
em que Maria de Magdala recebe a primeira mensagem da ressurreição do Mestre.
No seio de perturbações e desalentos
da pequena comunidade, a grande convertida não perde tempo em lamentações
estéreis nem procura o sono do esquecimento.
Os companheiros haviam quebrado o
padrão de confiança. Entre o remorso da própria defecção e a amargura pelo sacrifício
do Salvador, cuja lição sublime ainda não conseguiam apreender, confundiam-se
em atitudes negativas. Pensamentos contraditórios e angustiados azorragavam-lhes
os corações.
Madalena, contudo, rompe o véu de
emoções dolorosas que lhe embarga os passos. É imprescindível não sucumbir sob
os fardos, transformando-os, acima de tudo, em elemento básico na construção
espiritual, e Maria resolve não se acovardar, ante a dor. Porque o Cristo fora
imolado na cruz, não seria lícito condenar-lhe a memória bem-amada ao olvido ou
à indiferença.
Vigilante, atenta a si mesma, antes
de qualquer satisfação a velhos convencionalismos, vai ao encontro do grande
obstáculo que se constituía do sepulcro, muito cedo, precedendo o despertar dos
próprios amigos e encontra a radiante resposta da Vida Eterna.
Rememorando esse acontecimento
simbólico, recordemos nossas antigas quedas, por havermos esquecido o “primeiro
dia da semana”, trocando, em todas as ocasiões, o “mais cedo” pelo “mais
tarde”.
NOSSA REFLEXÃO
Emmanuel,
mais uma vez, ressalta a importância do ato de Madalena, tanto por ter se
convertido à Boa Nova, depois de tantos anos de vida sob o julgo de obsessores,
como a primeira a procurar o Mestre[1]. Por
isso, também foi a primeira a ter contato com Ele.
A
vida continua e Madalena, fervorosa de que não tinha perdido o Mestre, em vez
de ficar em lamúrias, perdida em confabulações entristecidas, partiu ao
encontro do Mestre.
Allan
Kardec nos amplia os horizontes sobre o fenômeno do luto, pós-morte de um familiar,
ao interpretar Lucas (9: 59 e 60)[2]:
O respeito que aos mortos se consagra não é a matéria que o inspira; é, pela lembrança, o Espírito ausente quem o infunde. Ele é análogo àquele que se vota aos objetos que lhe pertenceram, que ele tocou e que as pessoas que lhe são afeiçoadas guardam como relíquias. Era isso o que aquele homem não podia por si mesmo compreender. Jesus lho ensina, dizendo: “Não te preocupes com o corpo, pensa antes no Espírito; vai ensinar o Reino de Deus; vai dizer aos homens que a pátria deles não é a Terra, mas o céu, porquanto somente lá transcorre a verdadeira vida.[3]
Maria
não esquecera que o Cristo prometeu ressuscitar, mostrando verdadeira sintonia
com o Mestre. Nesse caso, como Emmanuel diz nessa mensagem ela não deixou pra
depois, ficando a se lamentar, a continuidade do trabalho de melhoria própria e
fidelidade ao Mestre.
Que
tenhamos também essa consciência quando pensarmos em desistir de nosso compromisso
com Ele, nessa existência.
Que
Deus nos ajude.
Domício.
Ps.: Compartilho um fragmento
poético de L. Angel em homenagem à Madalena.
Maria de Magdala, exemplo dificilmente imitável,
Renunciou aos seus desatinos que não quis mais viver.
O encontro com o Mestre foi revolucionário – que admirável!
Por isso foi a premiada para vê-Lo no Seu primeiro reaparecer.
L. Angel
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