domingo, 21 de julho de 2024

O DIABO

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O DIABO

Respondeu-lhe Jesus: Não vos escolhi a vós, os doze?

E um de vós é diabo.

João (6:70).

Quando a teologia se reporta ao diabo, o crente imagina, de imediato, o senhor absoluto do mal, dominando num inferno sem fim.

Na concepção do aprendiz, a região amaldiçoada localiza-se em esfera distante, no seio de tormentosas trevas...

Sim, as zonas purgatoriais são inúmeras e sombrias, terríveis e dolorosas, entretanto, consoante a afirmativa do próprio Jesus, o diabo partilhava os serviços apostólicos, permanecia junto dos aprendizes e um deles se constituíra em representação do próprio gênio infernal. Basta isto para que nos informemos de que o termo “diabo” não indicava, no conceito do Mestre, um gigante de perversidade, poderoso e eterno, no espaço e no tempo. Designa o próprio homem, quando algemado às torpitudes do sentimento inferior.

Daí concluirmos que cada criatura humana apresenta certa percentagem de expressão diabólica na parte inferior da personalidade.

Satanás simbolizará então a força contrária ao bem.

Quando o homem o descobre, no vasto mundo de si mesmo, compreende o mal, dá-lhe combate, evita o inferno íntimo e desenvolve as qualidades divinas que o elevam à espiritualidade superior.

Grandes multidões mergulham em desesperanças seculares, porque não conseguiram ainda identificar semelhante verdade.

E, comentando esta passagem de João, somos compelidos a ponderar:  – “Se, entre os doze apóstolos, um havia que se convertera em diabo, não obstante a missão divina do círculo que se destinava à transformação do mundo, quantos existirão em cada grupo de homens comuns na Terra?”

NOSSA REFLEXÃO

Essa mensagem de Emmanuel nos faz pensar nos grupos espíritas das casas espíritas. É importante pensar o quanto estamos a contribuir ou a atrapalhar o bom andamento do trabalho.

Nesse contexto, podemos encontrar irmãos que se arvoram a estabelecer um marco de compreensão que os leva a pensar que são absolutos em seus pensamentos e nessa atitude cria situações de solução de continuidade dentro do grupo.

União é a palavra chave de toda agremiação, de qualquer espécie. O que podemos dizer quando a agremiação é religiosa, espírita? Não podemos ceder espaço ao diabo[1] em nós.

Isto nos faz lembrar da parábola do Trabalhadores da Última Hora.

O Espírito de Verdade nos ilumina sobre o problema das dissensões nos grupos religiosos, especificamente sobre quem causa as desuniões nos grupos citados, quando nos fala sobre os Obreiros do Senhor:

Ditosos os que hajam dito a seus irmãos: “Trabalhemos juntos e unamos os nossos esforços, a fim de que o Senhor, ao chegar, encontre acabada a obra”, porquanto o Senhor lhes dirá: “Vinde a mim, vós que sois bons servidores, vós que soubestes impor silêncio aos vossos ciúmes e às vossas discórdias, a fim de que daí não viesse dano para a obra!” Mas ai daqueles que, por efeito das suas dissensões, houverem retardado a hora da colheita, pois a tempestade virá e eles serão levados no turbilhão![2]

Então, o bom trabalhador é o que prima pela união, que se esforça pela produtividade religiosa, objetivo de todo trabalho espírita cristão, baseado na Doutrina Espírita.

Que Deus nos ajude, sempre, quando estivermos neste contexto.

Domício.


[1] “Aquele que desune (inspirando ódio, inveja, orgulho); caluniador, maledicente. Vocábulo derivado do verbo "diaballo" (separar, desunir; atacar, acusar; caluniar; enganar), do qual deriva também o substantivo "diabolé" (desavença, inimizade; aversão, repugnância; acusação; calúnia) (DIAS, HAROLDO DUTRA. O novo testamento. Trad.: Haroldo Dutra Dias. 1ª ed. 2. Imp. Brasília: FEB, 2013.
[2] Vide na íntegra, a mensagem do Espírito de Verdade em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XX (Os trabalhadores da última hora), Item 5 (Os obreiros do Senhor).

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