domingo, 28 de julho de 2024

FALSOS DISCURSOS

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FALSOS DISCURSOS

E sede cumpridores da palavra, e não somente ouvintes, enganando-vos com falsos discursos.

Tiago (1: 22).

Nunca é demasiado comentar a importância e o caráter sagrado da palavra.

O próprio Evangelho assevera que no princípio era o Verbo, e quem examine atentamente a posição atual do mundo reconhecerá que todas as situações difíceis se originam do poder verbalista mal aplicado.

Falsos discursos enganaram indivíduos, famílias e nações. Acreditaram alguns em promessas vãs, outros em teorias falaciosas, outros, ainda, em perspectivas de liberdade sem obrigações. E raças, agrupamentos e criaturas, identificando a ilusão, atritam-se, mutuamente, procurando a paternidade das culpas.

Muito sangue e muita lágrima tem custado a criação do verbo humano. Impossível, por agora, computar esse preço doloroso ou determinar quanto tempo se fará necessário ao resgate preciso.

No turbilhão de lutas, todavia, o amigo do Cristo pode valer-se do tesouro evangélico, em proveito de sua esfera individual.

Cumprir a palavra do Mestre em nós é o programa divino. Sem a execução desse plano de salvação, os demais serviços sob nossa responsabilidade constituirão sublimada teologia, raciocínios brilhantes, magnífica literatura, muita admiração e respeito do campo inferior do mundo, mas nunca a realização necessária.

Eis o motivo pelo qual é sempre perigoso estacionar, no caminho, a ouvir quem foge à realidade de nossos deveres.

NOSSA REFLEXÃO

Essa mensagem de Emmanuel, baseada em um versículo de Tiago, é muito oportuna, pois nos lembra de nos comprometer com o que dizemos acreditar ou seguir. É o que Tiago nos fala em sua carta aos cristãos, exortando-lhes a conviver com os problemas sem muito murmurar, ao entender que eles nos servem de escada para a nossa evolução. Conforme ele nos diz, nos inspirando a deixar crescer em nós, a perseverança: “[...] deixem-na crescer, e não procurem desviar-se dos seus problemas. Porque, quando a perseverança de vocês estiver afinal plenamente crescida, vocês estarão preparados para qualquer coisa, e serão forte de caráter, íntegros e perfeitos” (TIAGO, 1: 4).

Os problemas, então, são muito importante em nossa vida. E devemos pensa-lo a nosso favor e não o contrário, constrangendo ou mesmo inspirando negativamente as pessoas ao nosso redor.

O Verbo, como Emmanuel nos lembra, pode criar ou destruir. E o nosso compromisso com a palavra cristã, é cumprido quando a transformamos em discursos verdadeiro e não em escândalos, baseados em discursos falsos.

O Mestre Jesus nos atentou para o malefício, principalmente para quem o pratica, dos escândalos: “Se algum escandalizar a um destes pequenos que creem em mim, melhor fora que lhe atassem ao pescoço uma dessas mós que um asno faz girar e que o lançassem no fundo do mar” (MATEUS, 18: 6).

A. Kardec nos esclarece sobre o palavra escândalo, nesse contexto:

No sentido vulgar, escândalo se diz de toda ação que de modo ostensivo vá de encontro à moral ou ao decoro. O escândalo não está na ação em si mesma, mas na repercussão que possa ter. A palavra escândalo implica sempre a ideia de um certo arruído. [...] No sentido evangélico, a acepção da palavra escândalo, tão amiúde empregada, é muito mais geral, pelo que, em certos casos, não se lhe apreende o significado. Já não é somente o que afeta a consciência de outrem, é tudo o que resulta dos vícios e das imperfeições humanas, toda reação má de um indivíduo para outro, com ou sem repercussão. O escândalo, neste caso, é o resultado efetivo do mal moral (Grifos nossos).[1]

Escândalos, na atualidade, particularmente no Brasil, é o que mais tem havido, promovido pela política, inclusive no meio cristão. Líderes religiosos se arvoram em produzir e estimular escândalos, se deixando flertar com a extrema-direita do país. Enquanto, espíritas, devemos ter o cuidado com esse movimento, de falsos discursos, pois é muito prejudicial a si mesmo e à sociedade da qual fazemos parte. Não podemos deixar que nossa garganta seja análoga a um sepulcro aberto (ROMANOS, 3: 13).[2]

Que tenhamos a sobriedade de, pela fé raciocinada preconizada pelo o Espiritismo, estarmos atentos aos falsos discursos, em nome da Doutrina Espírita ou de Deus, e sejamos cumpridores da palavra cristã.

Que Deus nos ajude.

Domício.

Ps: . Pensando na carta de Tiago aos cristãos, L. Angel poetizou o fragmento poético que compartilho abaixo.

Problemas na vida,

Servem para melhorar a inteligência

E aumentar o número de pessoas queridas.

Eis um projeto feito com muita Ciência.

L. Angel                                06/02/2023



[1] Vide dissertação de A. Kardec, na íntegra, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. 8 (Bem-aventurados os que têm puro o coração), Item, 12.
[2] Sugiro a leitura da página de Emmanuel (Chico Xavier), intitulada Sepulcros Abertos, grafada no livro Fonte Viva (FEB), seguida de Nossa Reflexão.

domingo, 21 de julho de 2024

O DIABO

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O DIABO

Respondeu-lhe Jesus: Não vos escolhi a vós, os doze?

E um de vós é diabo.

João (6:70).

Quando a teologia se reporta ao diabo, o crente imagina, de imediato, o senhor absoluto do mal, dominando num inferno sem fim.

Na concepção do aprendiz, a região amaldiçoada localiza-se em esfera distante, no seio de tormentosas trevas...

Sim, as zonas purgatoriais são inúmeras e sombrias, terríveis e dolorosas, entretanto, consoante a afirmativa do próprio Jesus, o diabo partilhava os serviços apostólicos, permanecia junto dos aprendizes e um deles se constituíra em representação do próprio gênio infernal. Basta isto para que nos informemos de que o termo “diabo” não indicava, no conceito do Mestre, um gigante de perversidade, poderoso e eterno, no espaço e no tempo. Designa o próprio homem, quando algemado às torpitudes do sentimento inferior.

Daí concluirmos que cada criatura humana apresenta certa percentagem de expressão diabólica na parte inferior da personalidade.

Satanás simbolizará então a força contrária ao bem.

Quando o homem o descobre, no vasto mundo de si mesmo, compreende o mal, dá-lhe combate, evita o inferno íntimo e desenvolve as qualidades divinas que o elevam à espiritualidade superior.

Grandes multidões mergulham em desesperanças seculares, porque não conseguiram ainda identificar semelhante verdade.

E, comentando esta passagem de João, somos compelidos a ponderar:  – “Se, entre os doze apóstolos, um havia que se convertera em diabo, não obstante a missão divina do círculo que se destinava à transformação do mundo, quantos existirão em cada grupo de homens comuns na Terra?”

NOSSA REFLEXÃO

Essa mensagem de Emmanuel nos faz pensar nos grupos espíritas das casas espíritas. É importante pensar o quanto estamos a contribuir ou a atrapalhar o bom andamento do trabalho.

Nesse contexto, podemos encontrar irmãos que se arvoram a estabelecer um marco de compreensão que os leva a pensar que são absolutos em seus pensamentos e nessa atitude cria situações de solução de continuidade dentro do grupo.

União é a palavra chave de toda agremiação, de qualquer espécie. O que podemos dizer quando a agremiação é religiosa, espírita? Não podemos ceder espaço ao diabo[1] em nós.

Isto nos faz lembrar da parábola do Trabalhadores da Última Hora.

O Espírito de Verdade nos ilumina sobre o problema das dissensões nos grupos religiosos, especificamente sobre quem causa as desuniões nos grupos citados, quando nos fala sobre os Obreiros do Senhor:

Ditosos os que hajam dito a seus irmãos: “Trabalhemos juntos e unamos os nossos esforços, a fim de que o Senhor, ao chegar, encontre acabada a obra”, porquanto o Senhor lhes dirá: “Vinde a mim, vós que sois bons servidores, vós que soubestes impor silêncio aos vossos ciúmes e às vossas discórdias, a fim de que daí não viesse dano para a obra!” Mas ai daqueles que, por efeito das suas dissensões, houverem retardado a hora da colheita, pois a tempestade virá e eles serão levados no turbilhão![2]

Então, o bom trabalhador é o que prima pela união, que se esforça pela produtividade religiosa, objetivo de todo trabalho espírita cristão, baseado na Doutrina Espírita.

Que Deus nos ajude, sempre, quando estivermos neste contexto.

Domício.


[1] “Aquele que desune (inspirando ódio, inveja, orgulho); caluniador, maledicente. Vocábulo derivado do verbo "diaballo" (separar, desunir; atacar, acusar; caluniar; enganar), do qual deriva também o substantivo "diabolé" (desavença, inimizade; aversão, repugnância; acusação; calúnia) (DIAS, HAROLDO DUTRA. O novo testamento. Trad.: Haroldo Dutra Dias. 1ª ed. 2. Imp. Brasília: FEB, 2013.
[2] Vide na íntegra, a mensagem do Espírito de Verdade em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XX (Os trabalhadores da última hora), Item 5 (Os obreiros do Senhor).

domingo, 14 de julho de 2024

AGRADECER

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AGRADECER

E sede agradecidos.                       

Paulo (COLOSSENSES, 3:15).                

É curioso verificar que a multidão dos aprendizes está sempre interessada em receber graças, entretanto, é raro encontrar alguém com a disposição de ministrá-­las.

Os recursos espirituais, todavia, em sua movimentação comum, deveriam obedecer ao mesmo sistema aplicado às providências de ordem material.

No capítulo de bênçãos da alma, não se deve receber e gastar, insensatamente, mas recorrer ao critério da prudência e da retidão, para que as possibilidades não sejam absorvidas pela desordem e pela injustiça.

É por isso que, em suas instruções aos cristãos de Colossos, recomenda o apóstolo que sejamos agradecidos.

Entre os discípulos sinceros, não se justifica o velho hábito de manifestar reconhecimento em frases bombásticas e laudatórias.

Na comunidade dos trabalhadores fiéis a Jesus, agradecer significa aplicar proveitosamente as dádivas recebidas, tanto ao próximo, quanto a si mesmo.

Para os pais amorosos, o melhor agradecimento dos filhos consiste na elevada compreensão do trabalho e da vida, de que oferecem testemunho.

Manifestando gratidão ao Cristo, os apóstolos lhe foram leais até ao último sacrifício; Paulo de Tarso recebe o apelo do Mestre e, em sinal de alegria e de amor, serve à Causa Divina, através de sofrimentos inomináveis, por mais de trinta anos sucessivos.

Agradecer não será tão ­somente problema de palavras brilhantes; é sentir a grandeza dos gestos, a luz dos benefícios, a generosidade da confiança e corresponder, espontaneamente, estendendo aos outros os tesouros da vida.

NOSSA REFLEXÃO

Temos um tema que muito nos cala na alma, pois a gratidão é uma virtude que deve ser buscada por nós, enquanto seres altamente assistido por Deus, Jesus Cristo, o Anjo da Guarda particular e também pelos Espíritos amigos e familiares, além daqueles e daquelas encarnados (as) que nos quer bem.

Ser grato, em primeira mão, é respeitar quem nos assiste, mesmo quando não concordamos com ele ou ela.

Emmanuel, cita quem está diretamente ligado a nossa vida, que são os pais e o Cristo que se doam aos seus tutelados até as últimas forças.

Os discípulos foram muito gratos e agiram conforme a orientação do Cristo em, cada um, carregar sua cruz, pois sabia ele que seriam perseguidos.[1]

Allan Kardec, exalta esse ato de gratidão, ao prefaciar a oração pelos inimigos do Espiritismo:

A exemplo dos primeiros cristãos, carregai com altivez a vossa cruz. Crede na palavra do Cristo, que disse: “Bem-aventurados os que sofrem perseguição por amor da justiça, que deles é o Reino dos Céus. Não temais os que matam o corpo, mas que não podem matar a alma.[2]

Aos pais, também Emmanuel faz referência à gratidão que cada filho ou filha deve ter. A gratidão aos Pais é o mais correto exemplo de piedade filial. Segundo Allan Kardec,

Se a lei da caridade manda se pague o mal com o bem, se seja indulgente para as imperfeições de outrem, se não diga mal do próximo, se lhe esqueçam e perdoem os agravos, se ame até os inimigos, quão maiores não hão de ser essas obrigações, tratando-se de filhos para com os pais! Devem, pois, os filhos tomar como regra de conduta para com seus pais todos os preceitos de Jesus concernentes ao próximo e ter presente que todo procedimento censurável, com relação aos estranhos, ainda mais censurável se torna relativamente aos pais; e que o que talvez Honrai a vosso pai e a vossa mãe não passe de simples falta, no primeiro caso, pode ser considerado um crime, no segundo, porque, aqui, à falta de caridade se junta a ingratidão.[3]

Perdoar aos que nos magoam ou magoaram é outro ato de gratidão à Deus e a Jesus Cristo, pois temos sido perdoados milenarmente pelos dois. Jesus Cristo, ao responder à Pedro quantas vezes deveríamos perdoar o próximo, nos ensinou: “Não vos digo que perdoeis até sete vezes, mas até setenta vezes sete vezes.” (Mateus, 18:15, 21 e 22.)

Sobre isso, o Espírito Simeão expõe:

Ele, o justo por excelência, responde a Pedro: perdoarás, mas ilimitadamente; perdoarás cada ofensa tantas vezes quantas ela te for feita; ensinarás a teus irmãos esse esquecimento de si mesmo, que torna uma criatura invulnerável ao ataque, aos maus procedimentos e às injúrias; serás brando e humilde de coração, sem medir a tua mansuetude; farás, enfim, o que desejas que o Pai celestial por ti faça. Não está Ele a te perdoar frequentemente? Conta porventura as vezes que o seu perdão desce a te apagar as faltas? (grifos nossos).[4]

Que sejamos piedosos filialmente, misericordiosos infinitamente e devotados à causa do Cristo.

Que Deus nos ajude.

Domício.

 

Ps.: Compartilho com os e as leitores (as) estudiosos (as) e reflexivos (as) deste blog uma poesia de L. Angel (meu pseudônimo):

OS BRANDOS E PACÍFICOS: MISERICORDIOSOS

L. ANGEL                 17/04/2014

Quem luta para ser brando
Herdará a Terra,
Pois vive lutando
Contra a cólera que lhe estagna e emperra.


Quem luta para ser pacífico
Será chamado Filho de Deus.
Nesta Terra, isso será o pico
Duma jornada evolutiva que Jesus prometeu.
 
Quem quer ser pacífico e brando
Tem que aprender a ser misericordioso.
Passa pelas provas e segue viajando.
 
Essa é nossa meta,
Desejo de nosso Pai amoroso.
Deixará nosso Mestre orgulhoso, na certa.


[1] “Se alguém quiser vir nas minhas pegadas, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me; porquanto, aquele que se quiser salvar a si mesmo, perder-se-á; e aquele que se perder por amor de mim e do Evangelho se salvará.” — Com efeito, de que serviria a um homem ganhar o mundo todo e perder-se a si mesmo? (MARCOS, 8:34 a 36; LUCAS, 9:23 a 25; MATEUS, 10:38 e 39; JOÃO, 12:25 e 26).
[2] Vide prefácio, na íntegra, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XXVIII (Coletânea de preces espíritas – Pelos inimigos do Espiritismo), Item 51.
[3] Vide dissertação na íntegra em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XIV (Honrai vosso pai a vossa mãe – Piedade filial), Item 3.
[4] Vide instrução na íntegra em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. X (Bem-aventurados os que são misericordiosos – Instrução dos Espíritos – Perdão das ofensas), Item 14.

domingo, 7 de julho de 2024

SUPENSÃO POR HOJE

Um bom dia aos (às) leitores(as) deste blog e estudiosos(as) da Doutrina Espírita.

Hoje, por motivo de trabalho, não farei a reflexão desta manhã.

Até o domingo que vem!

Muita paz e alegrias!!


Deixo uma poesia de L. Angel ( meu pseudônimo poético) pra uma reflexão.

Nenhum peso se carrega sozinho

L. Angel        06/09/2019
A vida se torna uma pesada cruz,
Difícil de, com ardor, carregar.
Mas a busca de uma luz
Foi a força para, ao Gólgota, chegar.

A vida se torna algo insuportável,
Difícil de, com louvor, encarar.
Mas a busca de uma pessoa amável
É um passo para deixar a vida continuar.

Caiu em estado de letargia?
Levanta e entrega a mão a quem te oferece ajuda.
A fraternidade é o remédio que, qualquer dor, alivia.

O que antes era um peso insuportável,
Não será mais, de uma planta, uma muda.
Seremos fortes e, juntos, teremos uma vida aceitável.