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A GRANDE LUTA
Porque não temos que lutar contra
a carne e o sangue, mas sim contra os principados, contra as potestades, contra
os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos
lugares celestiais.
Paulo (EFÉSIOS, 6:12).
Segundo
nossas afirmativas reiteradas, a grande luta não reside no combate com o sangue
e a carne, propriamente, mas sim com as nossas disposições espirituais inferiores.
Paulo
de Tarso agiu divinamente inspirado, quando escreveu sua recomendação aos
companheiros de Éfeso.
O
silencioso e incessante conflito entre os discípulos sinceros e as forças da
sombra está vinculado em nossa própria natureza, porquanto nos acumpliciávamos
abertamente com o mal, em passado não remoto.
Temos
sido declarados participantes das ações delituosas nos lugares celestiais.
E,
ainda hoje, entre os fluidos condensados da carne ou nas esferas que lhes são
próximas, agimos no serviço de autorestauração em pleno paraíso.
A
Terra é, igualmente, sublime degrau do Céu.
Quando
alguém se reporta aos anjos caídos, os ouvintes humanos guardam logo a
impressão de um palácio soberbo e misterioso, de onde se expulsam criaturas
sábias e luminosas.
Não
se verifica o mesmo, quando um homem culto se entrega ao assassínio, à frente
de uma universidade ou de um templo?
Geralmente
o observador terrestre relaciona o crime, não se detendo, porém, no exame do
lugar sagrado e venerável em que se consumou.
A
grande luta, a que o Apóstolo se refere, prossegue sem descanso.
As
cidades e as edificações humanas são zonas celestiais. Nem elas e nem as
células orgânicas que nos servem, constituem os poderosos inimigos, e, sim, as
“hastes espirituais da maldade”, com as quais nos sintonizamos através dos
pontos inferiores que conservamos desesperadamente conosco, vastas
arregimentações de seres e pensamentos sombrios que obscurecem a visão humana,
e que operam com sutileza, de modo a não perderem os ativos companheiros de
ontem.
NOSSA REFLEXÃO
Emmanuel, nesta página,
referencia o nosso mundo espiritual na relação com o nosso mundo material. Faz-nos
lembrar que o Brasil foi ressalvado, pelo Espírito Humberto de Campos (Chico
Xavier), na obra Brasil, coração do mundo, pátria do evangelho (FEB), como sendo a região para a qual
foi transplantada a árvore do evangelho.
Contudo, nesta pátria,
que abriga o maior celeiro religioso cristão do mundo, e nas hostes cristãs, a
luta por, permanência ou não, de orientações da extrema direita que dialoga com
o fascismo, racismo, xenofobia e demais fobias sociais, contrárias ao espírito
da caridade, preconizada pelo Cristianismo/Espiritismo.
Emmanuel, inspirado em
Paulo de Tarso, nos faz lembrar do cuidado de termos em mente que os locais
materiais aos quais temos acesso ou não, não são nossos inimigos, pois se
constituem “zonas celestiais”, como a Terra, por
sua vez, se constitue um “sublime degrau
do Céu”. Para Emmanuel, devemos lutar contra
as “hastes espirituais da maldade”, com as quais nos sintonizamos através dos pontos inferiores que conservamos desesperadamente conosco, vastas arregimentações de seres e pensamentos sombrios que obscurecem a visão humana, e que operam com sutileza, de modo a não perderem os ativos companheiros de ontem.
Esta página de Emmanuel
se vincula, perfeitamente, com outra de sua autoria, no livro Fonte Viva (Guardai-vos dos cães), refletida por nós. Nela, temos as características daqueles que
estão entre nós para conturbar, quais sejam:
São os
adversários sistemáticos do bem.
Atassalham
reputações dignas.
Estimam a
maledicência.
Exercitam
a crueldade.
Sentem
prazer com a imposição tirânica que lhes é própria.
Desfazem
a conceituação elevada e santificante da vida.
Desarticulam
o serviço dos corações bem-intencionados.
Atiram-se,
desvairadamente, à substância das obras construtivas, procurando consumi-Ias ou
pervertê-las.
Vomitam
impropérios e calúnias.
Gritam,
levianos, que o mal permanece vitorioso, que a sombra venceu, que a miséria
consolidou o seu domínio na Terra, perturbando a paz dos servos operosos e
fiéis.
E, quando o micróbio do ódio ou da cólera lhes excita a desesperação, ai daqueles que se aproximam, generosos e confiantes!
Estes são dados a injúrias
e violências, contrárias a bem-aventurança Bem-aventurados os que são brandos
e pacíficos (MATEUS, 5:5; MATEUS,
5:9; MATEUS, 5:21 e 22) [1].
Para A. Kardec, com as máximas contidas no versículos citados acima, “[...]
Jesus faz da brandura, da moderação, da mansuetude, da afabilidade e da
paciência, uma lei. Condena, por conseguinte, a violência, a cólera e até toda
expressão descortês de que alguém possa usar para com seus semelhantes.”[2]
Desse modo, que lutemos
contra os inimigos que ainda se encontram em nós, evitando que se aproximem de
nós, as nuvens (HEBREUS, 12:1) que nos acompanham (especialmente aqueles do
plano espiritual) “[...] e que operam com sutileza,
de modo a não perderem os ativos companheiros de ontem.”
Que Deus nos ajude.
Domício.