domingo, 10 de dezembro de 2023

VEJAMOS ISSO

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VEJAMOS ISSO

Porque o Cristo me enviou, não para batizar, mas para evangelizar; não em sabedoria de palavras, para que a cruz do Cristo se não faça vã.

Paulo (I CORÍNTIOS, 1:17).

Geralmente, quando encarnados, sentimos vaidoso prazer em atrair o maior número de pessoas para o nosso modo de crer.

Somos invariavelmente bons pregadores e eminentemente sutis na criação de raciocínios que esmaguem os pontos de vista de quantos nos não possam compreender no imediatismo da luta.

No primeiro pequeno triunfo obtido, tornamo-nos operosos na consulta aos livros santos, não para adquirir mais vasta iluminação e, sim, com o objetivo de pesquisar as letras humanas das divinas escrituras, buscando acentuar as afirmativas vulneráveis de nossos opositores.

Se católicos romanos, insistimos pela observância de nossos amigos à freqüência da missa e dos sacramentos materializados; se adeptos das igrejas reformadas, exigimos o comparecimento geral ao culto externo; e, se espiritistas, buscamos multiplicar as sessões de intercâmbio com o plano invisível.

Semelhante esforço não deixa de ser louvável em algumas de suas características, todavia, é imperioso recordar que o aprendiz do Evangelho, quando procura sinceramente compreender o Cristo, sente-se visceralmente renovado na conduta íntima.

Quando Jesus penetra o coração de um homem, converte-o em testemunho vivo do bem e manda-o a evangelizar os seus irmãos com a própria vida e, quando um homem alcança Jesus, não se detém, pura e simplesmente, na estação das palavras brilhantes, mas vive de acordo com o Mestre, exemplificando o trabalho e o amor que iluminam a vida, a fim de que a glória da cruz se não faça vã.

NOSSA REFLEXÃO

Quando nos apaixonamos por uma filosofia e gostamos de filosofar, buscamos quem tem, também, pontos de vista semelhantes ou contraditórios. O discurso passa a ser nossa arma numa batalha de palavras. Apaixonamo-nos pelo ideal da filosofia nova.

O espiritista, um cristão de outra religião ou filosofia que se deixou renovar pelas ideias claras, convincentes e libertadora se empolga em alastrar sua descoberta que lhe satisfaz, finalmente, relativa a uma ideia religiosa que há muito buscava.

Passa a estudar e se dispor a palestrar, coordenar estudos na casa espirita ou em eventos espíritas. Isso é muito louvável.

Contudo, Paulo nos alerta para o perigo de nos sobrepor a Boa Nova. A reforma íntima deve acompanhar aos estudos e debates.

Nesse contexto, ao dissertar sobre a missão dos espíritas, o Espírito Erasto, colaborador da codificação espírita, sob a organização de Allan Kardec, estimula os espíritas a divulgarem a Doutrina, mas faz o seguinte alerta:

Ide e agradecei a Deus a gloriosa tarefa que Ele vos confiou; mas atenção! entre os chamados para o Espiritismo muitos se transviaram; reparai, pois, vosso caminho e segui a verdade.

Pergunta. – Se, entre os chamados para o Espiritismo, muitos se transviaram, quais os sinais pelos quais reconheceremos os que se acham no bom caminho?

Resposta. – Reconhecê-los-eis pelos princípios da verdadeira caridade que eles ensinarão e praticarão. Reconhecê-los-eis pelo número de aflitos a que levem consolo; reconhecê-los-eis pelo seu amor ao próximo, pela sua abnegação, pelo seu desinteresse pessoal; reconhecê-los-eis, finalmente, pelo triunfo de seus princípios, porque Deus quer o triunfo de sua lei; os que seguem sua lei, esses são os escolhidos e Ele lhes dará a vitória; mas Ele destruirá aqueles que falseiam o espírito dessa lei e fazem dela degrau para contentar sua vaidade e sua ambição. – Erasto, Anjo da guarda do médium.[1]

Então, a missão existe e devemos ter claro como devemos nos comportar frente a ela, para não confundirmos o nosso saber com a vaidade de tê-lo.

O incentivo de Erasto não deve ser confundido com o proselitismo. Sim, devemos divulgar a Doutrina, mas não com arroubo de quem deve ser reconhecido por saber, mas com vontade de cada palavra que dissermos, divulgando a Doutrina, primeiro sirva para nós, como é o recomendado a todo e toda médium que se configura como instrumento de divulgação doutrinária, escrevendo ou falando o que não é de sua autoria.

Que possamos, sempre, se temos conhecimentos doutrinários, fazer valer o legado da cruz que o Cristo exemplificou.

Que Deus nos ajude.

Domício.


[1] Vide instrução, na íntegra, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XX, Item 4.

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