domingo, 19 de março de 2023

RESISTE À TENTAÇÃO

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RESISTE À TENTAÇÃO

Bem-­aventurado o homem que sofre a tentação.

(TIAGO, 1:12).

Enquanto nosso barco espiritual navega nas águas da inferioridade, não podemos aguardar isenção de ásperos conflitos interiores. Mormente na esfera carnal, toda vez que empreendemos a melhoria da alma, utilizando os trabalhos e obstáculos do mundo, devemos esperar a multiplicação das dificuldades que se nos deparam, em pleno caminho do conhecimento iluminativo.

Contra o nosso anseio de claridade, temos milênios de sombra. Antepondo-se-nos à mais humilde aspiração de crescer no bem, vigoram os séculos em que nos comprazíamos no mal.

É por isto que, de permeio com as bênçãos do Alto, sobram na senda dos discípulos as tentações de todos os matizes.

Por vezes, o aprendiz acredita­se preparado a vencer os dragões da animalidade que lhe rondam as portas; todavia, quando menos espera, eis que as sugestões degradantes o espreitam de novo, compelindo­o a porfiada batalha.

Claro, portanto, que nem mesmo a sepultura nos exonera dos atritos com as trevas, cujas raízes se nos alastram na própria organização espiritual. Só a morte da imperfeição em nós livrar­nos­á delas.

Haja, pois, tolerância construtiva em derredor da caminhada humana, porque as insinuações malignas nos cercarão em toda parte, enquanto nos demoramos na realização parcial do bem.

Somente alcançaremos libertação, quando atingirmos plena luz.

Entendendo a transcendência do assunto, o Apóstolo proclama bem­-aventurado aquele “que sofre a tentação”. Impossível, por agora, qualquer referência ao triunfo absoluto, porque vivemos ainda muito distantes da condição angélica; entretanto, bem­-aventurados seremos se bem sofremos esse gênero de lutas, controlando os impulsos do sentimento menos aprimorado e aperfeiçoando-­o, pouco a pouco, à custa do esforço próprio, a fim de que não nos entreguemos inermes às sugestões inferiores que procuram converter-­nos em vivos instrumentos do mal.

NOSSA REFLEXÃO

As tentações, educacionalmente falando, são checklist do que não devemos mais fazer em nossa existência espiritual. Emmanuel nos lembra, nesta mensagem, que “contra o nosso anseio de claridade, temos milênios de sombra. Antepondo­se­nos à mais humilde aspiração de crescer no bem, vigoram os séculos em que nos comprazíamos no mal”.

Devemos, então ser vigilantes. Na maioria da vezes, não somos. É quando caímos.

Pensando sobre o esquecimento do passado, necessário pra que possamos evoluir com menos dificuldades, A. Kardec nos informa que

Ao nascer, traz o homem consigo o que adquiriu, nasce qual se fez; em cada existência, tem um novo ponto de partida. Pouco lhe importa saber o que foi antes: se se vê punido, é que praticou o mal. Suas atuais tendências más indicam o que lhe resta a corrigir em si próprio e é nisso que deve concentrar-se toda a sua atenção, porquanto, daquilo de que se haja corrigido completamente, nenhum traço mais conservará. As boas resoluções que tomou são a voz da consciência, advertindo-o do que é bem e do que é mal e dando-lhe forças para resistir às tentações (grifos nossos)[1].

Deste modo, Emmanuel corrobora com A. Kardec. Cabe a nós resistirmos às nossas aliadas de evolução, que estão pululando em torno de nós. Ou seja, seremos  bem­aventurados na aflição, conforme Emmanuel nos fala,

“[...]se bem sofremos esse gênero de lutas, controlando os impulsos do sentimento menos aprimorado e aperfeiçoando-­o, pouco a pouco, à custa do esforço próprio, a fim de que não nos entreguemos inermes às sugestões inferiores que procuram converter­-nos em vivos instrumentos do mal”.

A. Kardec, no prefácio à prece “Para pedir a força de resistir a uma tentação” nos ajuda nessa luta, conforme segue:

Quando surge em nós um mau pensamento, podemos, pois, imaginar um Espírito maléfico a nos atrair para o mal, mas a cuja atração podemos ceder ou resistir, como se se tratara das solicitações de uma pessoa viva. Devemos, ao mesmo tempo, imaginar que, por seu lado, o nosso anjo guardião, ou Espírito protetor, combate em nós a má influência e espera com ansiedade a decisão que tomemos. A nossa hesitação em praticar o mal é a voz do Espírito bom, a se fazer ouvir pela nossa consciência.[2]

Que tenhamos força e fé que nunca estamos sozinhos nessas horas de luta contra nossas tentações para que, “[...] deixando os rudimentos da doutrina do Cristo, prossigamos até à perfeição, não lançando de novo o fundamento do arrependimento de obras mortas” (Paulo: HEBREUS, 6:1)[3].

Que Deus nos ajude.

Domício.


[1] Vide na íntegra em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. V (Bem-aventurados os aflitos), Item 11.

[2] Vide dissertação, na íntegra em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XXVIII (Coletânea de preces espíritas), Item 20.

[3] Vide mensagem Avancemos além, seguida de nossa reflexão, do livro Fonte Viva (Emmanuel por Chico Xavier), em que Emmanuel se inspirou nesse versículo de Paulo pra escrevê-la.

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