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DEUS NÃO DESAMPARA
E dei-lhe tempo para que se arrependesse da sua
prostituição e não se arrependeu.
(APOCALIPSE,
2:21).
Se
o Apocalipse está repleto de símbolos profundos, isso não impede venhamos a
examinar-lhe as expressões, compatíveis com o nosso entendimento, extraindo as
lições suscetíveis de ampliar-nos o progresso espiritual.
O
versículo mencionado proporciona uma idéia da longanimidade do Altíssimo, na
consideração das falhas e defecções dos filhos transgressores.
Muita
gente insiste pela rigidez e irrevogabilidade das determinações de origem
divina, entretanto, compete-nos reconhecer que os corações inclinados a semelhante
interpretação ainda não conseguem analisar a essência sublime do amor que apaga
dívidas escuras e faz nascer novo dia nos horizontes da alma.
Se
entre juízes terrestres existem providências fraternas, qual seja a da
liberdade sob condição, seria o tribunal celeste constituído por inteligências
mais duras e inflexíveis?
A
Casa do Pai é muito mais generosa que qualquer figuração de magnanimidade
apresentada, até agora, no mundo, pelo pensamento religioso. Em seus celeiros
abundantes, há empréstimos e moratórias, concessões de tempo e recursos que a
mais vigorosa imaginação humana jamais calculará.
O
Altíssimo fornece dádivas a todos e, na atualidade, é aconselhável medite o
homem terreno nos recursos que lhe foram concedidos pelo Céu, para arrependimento,
buscando renovar-se nos rumos do bem.
Os
prisioneiros da concepção de justiça implacável ignoram os poderosos auxílios
do Todo-Poderoso, que se manifestam através de mil modos diferentes; contudo,
os que procuram a própria iluminação pelo amor universal sabem que Deus dá
sempre e que é necessário aprender a receber.
NOSSA REFLEXÃO
Esta mensagem trada da
Misericórdia de Deus que é infinita e única. Suas Leis são eternas e imutáveis.
Porém, somo seres em evolução. Desse modo, o erro é reconsiderado em circunstâncias
futuras, quando o Espírito, pelo arrependimento, repara uma falta e passa a agir
de modo diferente.
Não podemos esperar que
um erro impeça que um filho de Deus evolua ou permaneça “encarcerado” em regiões
espirituais de dor e isolamento, eternamente. A. Kardec reflete sobre isso: “Ora,
a alma progride ou não? Eis a questão: Se progride, a eternidade das penas é
impossível.”[1]
Assim, pelo contrário,
devemos crer que a Misericóridia de Deus alcança a todo Espírito que deseja
modificar-se. Como Emmanuel nos fala nesta mensagem, “se entre juízes terrestres existem providências fraternas,
qual seja a da liberdade sob condição, seria o tribunal celeste constituído por
inteligências mais duras e inflexíveis?” De fato, as leis humanas diminui o
tempo de prisão pelo bom comportamento. Se os homens assim, o fazem, que
podemos de dizer de Deus em relação aos transgressores de suas Leis?
Mas é necessário o arrependimento
sincero e a mudança de comportamento. Quantos de nós sabedores de atos
infelizes em outras vidas, ainda cometemos, nessa, quando as tentações se mostram
mais significativas que a nossa vontade de mudança? Os Espíritos Superiores,
codificadores da Doutrina Espírita, responderam à questão 999, de O Livro dos Espíritos, sobre a importância do arrependimento: “O
arrependimento concorre para a melhoria do Espírito, mas ele tem que expiar o
seu passado.”[2]
A Kardec aprofunda a
questão e pergunta sobre a duração das penas e o Espírito São Luís responde:
Poderiam, se ele pudesse ser eternamente mau, isto é, se jamais se arrependesse e melhorasse, sofreria eternamente. Deus, porém, não criou seres tendo por destino permanecerem votados perpetuamente ao mal. Apenas os criou a todos simples e ignorantes, tendo todos, no entanto, que progredir em tempo mais ou menos longo, conforme decorrer da vontade de cada um. Mais ou menos tardia pode ser a vontade, do mesmo modo que há crianças mais ou menos precoces, porém, cedo ou tarde, ela aparece, por efeito da irresistível necessidade que o Espírito sente de sair da inferioridade e de se tornar feliz. Eminentemente sábia e magnânima é, pois, a lei que rege a duração das penas, porquanto subordina essa duração aos esforços do Espírito. Jamais o priva do seu livre-arbítrio: se deste faz ele mau uso, sofre as consequências.[3]
Assim, é muito
importante que oremos pelos Espíritos desencarnados e sofredores, pois é
importante crer que possam melhorar e passar do estado em que se encontram para
um melhor, pois como A. Kardec nos esclarece, tratando deste tema:
O homem sofre sempre a consequência de suas faltas; não há uma só infração à Lei de Deus que fique sem a correspondente punição. “A severidade do castigo é proporcionada à gravidade da falta. “Indeterminada é a duração do castigo, para qualquer falta; fica subordinada ao arrependimento do culpado e ao seu retorno à senda do bem; a pena dura tanto quanto a obstinação no mal; seria perpétua, se perpétua fosse a obstinação; dura pouco, se pronto é o arrependimento. [...] Assim, o Espírito culpado e infeliz pode sempre salvar-se a si mesmo: a Lei de Deus estabelece a condição em que se lhe torna possível fazê-lo. O que as mais das vezes lhe falta é a vontade, a força, a coragem. Se, por nossas preces, lhe inspiramos essa vontade, se o amparamos e animamos; se, pelos nossos conselhos, lhe damos as luzes de que carece, em lugar de pedirmos a Deus que derrogue a sua lei, tornamo-nos instrumentos da execução de outra lei, também sua, a de amor e de caridade, execução em que, desse modo, Ele nos permite participar, dando nós mesmos, com isso, uma prova de caridade.[4]
Assim, que creiamos na infinita
misericórdia de Deus, que sempre oportuniza infinitas oportunidades de arrependimento
e reparação das faltas que o homem comete, tornando-o “[...] árbitro de sua
própria sorte” [...]. Desse modo, “[...] pertence-lhe abreviar ou prolongar
indefinidamente o seu suplício; a sua felicidade ou a sua desgraça dependem da
vontade que tenha de praticar o bem.”[5]
Que Deus nos ajude a
nos ajudar e a ajudar quem é semelhante a nós.
Domício.
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