domingo, 29 de janeiro de 2023

SEXO

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SEXO

Eu sei, e estou certo no Senhor Jesus, que nenhuma coisa é de si mesma imunda a não ser para aquele que a tem por imunda.

Paulo (ROMANOS, 14:14).

Quando Paulo de Tarso escreveu esta observação aos romanos, referia­se à alimentação que, na época, representava objeto de áridas discussões entre gentios e judeus.

Nos dias que passam, o ato de comer já não desperta polêmicas perigosas, entretanto, podemos tomar o versículo e projetá­-lo noutros setores de falsa opinião.

Vejamos o sexo, por exemplo. Nenhum departamento da atividade terrestre sofre maiores aleives. Fundamente cego de espírito, o homem, de maneira geral, ainda não consegue descobrir aí um dos motivos mais sublimes de sua existência. Realizações das mais belas, na luta planetária, quais sejam as da aproximação das almas na paternidade e na maternidade, a criação e a reprodução das formas, a extensão da vida e preciosos estímulos ao trabalho e à regeneração foram proporcionadas pelo Senhor às criaturas, por intermédio das emoções sexuais; todavia, os homens menoscabam o “lugar santo”, povoando­lhe os altares com os fantasmas do desregramento.

O sexo fez o lar e criou o nome de mãe, contudo, o egoísmo humano deu­ lhe em troca absurdas experimentações de animalidade, organizando para si mesmo provações cruéis.

O Pai ofereceu o santuário aos filhos, mas a incompreensão se constituiu  em oferta deles. É por isto que romances dolorosos e aflitivos se estendem, através de todos os continentes da Terra.

Ainda assim, mergulhado em deploráveis desvios, pergunta o homem pela educação sexual, exigindo­lhe os programas. Sim, semelhantes programas poderão ser úteis; todavia, apenas quando espalhar­se a santa noção da divindade do poder criador, porque, enquanto houver imundície no coração de quem analise ou de quem ensine, os métodos não passarão de coisas igualmente imundas.

NOSSA REFLEXÃO

Nesta mensagem, Emmanuel santifica o sexo como trocas de energias criadoras. Mas é importante evidenciar que o sexo não só possibilita a reprodução.

Para atingir sua divina função, passa pelo prazer que o ato proporciona. Sensação que é de natureza material, como outras que temos, como comer, por exemplo. Da sensação inebriante ao vício é um passo.

E o vício sexual implica em muitas situações de natureza prejudiciais a quem o pratica, ao (à) parceiro, à família e à sociedade.

Em se tratando do sexo, temos as doenças transmissíveis sexualmente, o adultério, seguido do divórcio, o abuso e exploração sexual de crianças ou de adultos, como também a violência do estupro, muitas vezes seguido de assassinato. Fora isso, devemos pensar nas consequências físicas de natureza reencarnatória, pois, segundo Emmanuel, nesta mensagem, “o sexo fez o lar e criou o nome de mãe, contudo, o egoísmo humano deu­lhe em troca absurdas experimentações de animalidade, organizando para si mesmo provações cruéis”.

Pensar no sexo, nos leva a situá-lo no contexto do casamento. A. Kardec nos ilumina:

No casamento, o que é de ordem divina é a união dos sexos, para que se opere a substituição dos seres que morrem; [...] Mas, na união dos sexos, a par da Lei divina material, comum a todos os seres vivos, há outra Lei divina, imutável como todas as Leis de Deus, exclusivamente moral: a lei de amor.[1]

Então, o sexo no casamento tem duas funções: permitir a reprodução do ser humana que é condição para a reencarnação de Espíritos em evolução; possibilitar, moralmente, a reconciliação, a continuidade de projetos espirituais, etc. Ou seja:

Quis Deus que os seres se unissem não só pelos laços da carne, mas também pelos da alma, a fim de que a afeição mútua dos esposos se lhes transmitisse aos filhos e que fossem dois, e não um somente, a amá-los, a cuidar deles e a fazê-los progredir.[2]

Então, por ser benéfico, tanto fisicamente, como moralmente, o sexo deve ser realizado com educação, de tal modo que não cause mal à(ao) parceira(o). Segundo Emmanuel,

Toda vez que determinada pessoa convide outra à comunhão sexual ou aceita de alguém um apelo neste sentido, em bases de afinidade e confiança, estabelecesse entre ambas um circuito de forças, pelo qual a dupla se alimenta psiquicamente de energias espirituais, em regime de reciprocidade. [...] Quando um dos parceiros foge ao compromisso assumido, sem razão justa, lesa o outro na sustentação do equilíbrio emotivo, seja qual for o campo de circunstâncias em que esse compromisso venha a ser efetuado.[3]

Educação sexual se torna, então, preponderante, tanto do ponto de vista biológico, como moral, pois, como Emmanuel nos fala, sobre programas de educação, nesta mensagem, ressaltando a relação do sexo com “[...] a santa noção da divindade do poder criador [...], enquanto houver imundície no coração de quem analise ou de quem ensine, os métodos não passarão de coisas igualmente imundas.”

Que tenhamos, então, discernimento no uso de nossas energias genésicas.

Que Deus nos ajude.

Domício.


[1] Vide sobre o tema, na integra, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XXII, Item 2.
[2] Vide sobre o tema, na integra, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XXII, Item 3.
[3] Vide em Sexo e Vida, Cap. 6 (Compromisso Afetivo). 

domingo, 15 de janeiro de 2023

O EVANGELHO E A MULHER

 

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O EVANGELHO E A MULHER

Assim devem os maridos amar a suas próprias mulheres, como a seus próprios corpos. Quem ama a sua mulher, ama-se a si mesmo.

Paulo (EFÉSIOS, 5:28).

Muita vez, o apóstolo dos gentios tem sido acusado de excessiva severidade para com o elemento feminino. Em alguns trechos das cartas que dirigiu às igrejas, Paulo propôs medidas austeras que, de certo modo, chocaram inúmeros aprendizes. Poucos discípulos repararam, na energia das palavras dele, a mobilização dos recursos do Cristo, para que se fortalecesse a defesa da mulher e dos patrimônios de elevação que lhe dizem respeito.

Com Jesus, começou o legítimo feminismo. Não aquele que enche as mãos de suas expositoras com estandartes coloridos das ideologias políticas do mundo, mas que lhes traça nos corações diretrizes superiores e santificantes.

Nos ambientes mais rigoristas em matéria de fé religiosa, quais o do Judaísmo, antes do Mestre, a mulher não passava de mercadoria condenada ao cativeiro. Vultos eminentes, quais Davi e Salomão, não conseguiram fugir aos abusos de sua época, nesse particular.

O Evangelho, porém, inaugura nova era para as esperanças femininas. Nele vemos a consagração da Mãe Santíssima, a sublime conversão de Madalena, a dedicação das irmãs de Lázaro, o espírito abnegado das senhoras de Jerusalém que acompanham o Senhor até o instante extremo. Desde Jesus, observamos crescente respeito na Terra pela missão feminil. Paulo de Tarso foi o consolidador desse movimento regenerativo. Apesar da energia áspera que lhe assinala as palavras, procurava levantar a mulher da condição de aviltada, confiando-a ao homem, na qualidade de mãe, irmã, esposa ou filha, associada aos seus destinos e, como criatura de Deus, igual a ele.

NOSSA REFLEXÃO

Emmanuel nos ajuda, homens, a evoluir enquanto Espíritos, como toda mulher é, nos lembrando do respeito que devemos ter para com ela. Na atualidade, ainda há povos que mantém a mulher na posição de subalternas e sem direito até aos estudos, destinando-a a uma posição servil e de procriadora.

Como Emmanuel nos traz, muitas foram as mulheres que receberam do Cristo a atenção especial, colocando-as na condição de seres participantes da elevação geral.[1] Segundo ele, nesta mensagem, “o Evangelho, porém, inaugura nova era para as esperanças femininas”.

Na História da Humanidade, temos muitos exemplos de mulheres que muito contribuíram em todas as áreas. Contudo, na Ciência, muitas sofreram com o machismo para serem reconhecidas. Lembremos o caso extremo de Hipátia de Alexandria - Egito (370-415), considerada a primeira Matemática da humanidade, que perdeu a vida física em 8 de março de 415. Foi professora do Museu de Alexandria, no Egito. Foi pagã e morreu, também, por isso. “No entanto, Hipátia nunca proclamou sua aversão ao cristianismo. Simplesmente, com sua natureza liberal, ela aceitou todos os alunos, independentemente de suas crenças religiosas”[2]. Sem reconhecer, foi cristã. Pois, conforme A. Kardec, não é a Igreja que salva, mas a Caridade.

Com o dogma — Fora da Igreja não há salvação, anatematizam-se e se perseguem reciprocamente, vivem como inimigos; o pai não pede pelo filho, nem o filho pelo pai, nem o amigo pelo amigo, desde que mutuamente se consideram condenados sem remissão. É, pois, um dogma essencialmente contrário aos ensinamentos do Cristo e à lei evangélica.[3]

Desse modo, ainda hoje, se faz necessária em várias sociedades, como a nossa, a luta pelo reconhecimento da mulher, não só como companheira doméstica ou servil, mas de possuidora de inteligência, que é o atributo de qualquer Espírito[4], com capacidade de exercer qualquer posição na sociedade. A misoginia ainda é um câncer a ser estirpado de qualquer sociedade.

Que sejamos, antes de tudo, Espíritos, pois, quem habita, hoje, o corpo masculino, deverá ou ou já habitou o corpo feminino.[5]

Que Deus nos ajude.

Domício.


[1] Emmanuel, em Caminho, Verdade e Vida, em sua mensagem Madalena, nos mostra o reconhecimento de Jesus à Madalena, tendo sido ela a primeira pessoa a vê-lo, depois de sua desencarnação.
[2] Vide sua história, por Vanessa de Souza Gomes, em A Vida de Hipátia de Alexandria.
[3] Vide a íntegra da dissertação de A. Kardec em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XV, Item 8.
[4] Em O Livro dos Espíritos, temos a questão nº 24 - É o espírito sinônimo de inteligência? “A inteligência é um atributo essencial do espírito. Uma e outro, porém, se confundem num princípio comum, de sorte que, para vós, são a mesma coisa.”
[5]
Vide questões 200 a 202 de O Livro dos Espíritos sobre os Sexos nos Espíritos.

domingo, 8 de janeiro de 2023

DEUS NÃO DESAMPARA

 

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DEUS NÃO DESAMPARA

E dei-lhe tempo para que se arrependesse da sua prostituição e não se arrependeu.

(APOCALIPSE, 2:21).

Se o Apocalipse está repleto de símbolos profundos, isso não impede venhamos a examinar-lhe as expressões, compatíveis com o nosso entendimento, extraindo as lições suscetíveis de ampliar-nos o progresso espiritual.

O versículo mencionado proporciona uma idéia da longanimidade do Altíssimo, na consideração das falhas e defecções dos filhos transgressores.

Muita gente insiste pela rigidez e irrevogabilidade das determinações de origem divina, entretanto, compete-nos reconhecer que os corações inclinados a semelhante interpretação ainda não conseguem analisar a essência sublime do amor que apaga dívidas escuras e faz nascer novo dia nos horizontes da alma.

Se entre juízes terrestres existem providências fraternas, qual seja a da liberdade sob condição, seria o tribunal celeste constituído por inteligências mais duras e inflexíveis?

A Casa do Pai é muito mais generosa que qualquer figuração de magnanimidade apresentada, até agora, no mundo, pelo pensamento religioso. Em seus celeiros abundantes, há empréstimos e moratórias, concessões de tempo e recursos que a mais vigorosa imaginação humana jamais calculará.

O Altíssimo fornece dádivas a todos e, na atualidade, é aconselhável medite o homem terreno nos recursos que lhe foram concedidos pelo Céu, para arrependimento, buscando renovar-se nos rumos do bem.

Os prisioneiros da concepção de justiça implacável ignoram os poderosos auxílios do Todo-Poderoso, que se manifestam através de mil modos diferentes; contudo, os que procuram a própria iluminação pelo amor universal sabem que Deus dá sempre e que é necessário aprender a receber.

NOSSA REFLEXÃO

Esta mensagem trada da Misericórdia de Deus que é infinita e única. Suas Leis são eternas e imutáveis. Porém, somo seres em evolução. Desse modo, o erro é reconsiderado em circunstâncias futuras, quando o Espírito, pelo arrependimento, repara uma falta e passa a agir de modo diferente.

Não podemos esperar que um erro impeça que um filho de Deus evolua ou permaneça “encarcerado” em regiões espirituais de dor e isolamento, eternamente. A. Kardec reflete sobre isso: “Ora, a alma progride ou não? Eis a questão: Se progride, a eternidade das penas é impossível.”[1]

Assim, pelo contrário, devemos crer que a Misericóridia de Deus alcança a todo Espírito que deseja modificar-se. Como Emmanuel nos fala nesta mensagem, “se entre juízes terrestres existem providências fraternas, qual seja a da liberdade sob condição, seria o tribunal celeste constituído por inteligências mais duras e inflexíveis?” De fato, as leis humanas diminui o tempo de prisão pelo bom comportamento. Se os homens assim, o fazem, que podemos de dizer de Deus em relação aos transgressores de suas Leis?

Mas é necessário o arrependimento sincero e a mudança de comportamento. Quantos de nós sabedores de atos infelizes em outras vidas, ainda cometemos, nessa, quando as tentações se mostram mais significativas que a nossa vontade de mudança? Os Espíritos Superiores, codificadores da Doutrina Espírita, responderam à questão 999, de O Livro dos Espíritos, sobre a importância do arrependimento: “O arrependimento concorre para a melhoria do Espírito, mas ele tem que expiar o seu passado.”[2]

A Kardec aprofunda a questão e pergunta sobre a duração das penas e o Espírito São Luís responde:

Poderiam, se ele pudesse ser eternamente mau, isto é, se jamais se arrependesse e melhorasse, sofreria eternamente. Deus, porém, não criou seres tendo por destino permanecerem votados perpetuamente ao mal. Apenas os criou a todos simples e ignorantes, tendo todos, no entanto, que progredir em tempo mais ou menos longo, conforme decorrer da vontade de cada um. Mais ou menos tardia pode ser a vontade, do mesmo modo que há crianças mais ou menos precoces, porém, cedo ou tarde, ela aparece, por efeito da irresistível necessidade que o Espírito sente de sair da inferioridade e de se tornar feliz. Eminentemente sábia e magnânima é, pois, a lei que rege a duração das penas, porquanto subordina essa duração aos esforços do Espírito. Jamais o priva do seu livre-arbítrio: se deste faz ele mau uso, sofre as consequências.[3]

Assim, é muito importante que oremos pelos Espíritos desencarnados e sofredores, pois é importante crer que possam melhorar e passar do estado em que se encontram para um melhor, pois como A. Kardec nos esclarece, tratando deste tema:

O homem sofre sempre a consequência de suas faltas; não há uma só infração à Lei de Deus que fique sem a correspondente punição. “A severidade do castigo é proporcionada à gravidade da falta. “Indeterminada é a duração do castigo, para qualquer falta; fica subordinada ao arrependimento do culpado e ao seu retorno à senda do bem; a pena dura tanto quanto a obstinação no mal; seria perpétua, se perpétua fosse a obstinação; dura pouco, se pronto é o arrependimento. [...] Assim, o Espírito culpado e infeliz pode sempre salvar-se a si mesmo: a Lei de Deus estabelece a condição em que se lhe torna possível fazê-lo. O que as mais das vezes lhe falta é a vontade, a força, a coragem. Se, por nossas preces, lhe inspiramos essa vontade, se o amparamos e animamos; se, pelos nossos conselhos, lhe damos as luzes de que carece, em lugar de pedirmos a Deus que derrogue a sua lei, tornamo-nos instrumentos da execução de outra lei, também sua, a de amor e de caridade, execução em que, desse modo, Ele nos permite participar, dando nós mesmos, com isso, uma prova de caridade.[4]

Assim, que creiamos na infinita misericórdia de Deus, que sempre oportuniza infinitas oportunidades de arrependimento e reparação das faltas que o homem comete, tornando-o “[...] árbitro de sua própria sorte” [...]. Desse modo, “[...] pertence-lhe abreviar ou prolongar indefinidamente o seu suplício; a sua felicidade ou a sua desgraça dependem da vontade que tenha de praticar o bem.”[5]

Que Deus nos ajude a nos ajudar e a ajudar quem é semelhante a nós.

Domício.


[1] Vide dissertação, na íntegra, em O Céu e o Inferno, Primeira Parte, Cap. VI, Item 18 (Impossibilidade material das penas eternas).
[2] Questão 999 - Basta o arrependimento durante a vida para que as faltas do Espírito se apaguem e ele ache graça diante de Deus? O Livro dos Espíritos, Parte Quarta – Capítulo II (Das penas e gozos futuros)
[3] Questão 1006. Poderão durar eternamente os sofrimentos do Espírito? O Livro dos Espíritos, Parte Quarta – Capítulo II (Das penas e gozoso futuros)
[4] Vide em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XXVII (Pedi e obtereis - Da prece pelos mortos e pelos Espíritos sofredores), Item 21.
[5]
Idem, Item 21.

domingo, 1 de janeiro de 2023

ISSO É CONTIGO

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ISSO É CONTIGO

E disse: pequei, traindo o sangue inocente. Eles, porém, responderam. Que nos importa? Isso é contigo.

(MATEUS, 27:4).

A palavra da maldade humana é sempre cruel para quantos lhe ouvem as criminosas insinuações.

O caso de Judas demonstra a irresponsabilidade e a perversidade de quantos cooperam na execução dos grandes delitos.

O espírito imprevidente, se considera os alvitres malévolos, em breve  tempo se capacita da solidão em que se encontra nos círculos das conseqüências desastrosas.

Quem age corretamente encontrará, nos felizes resultados de suas iniciativas, aluviões de companheiros que lhe desejam partilhar as vitórias; entretanto, muito raramente sentirá a presença de alguém que lhe comungue as aflições nos dias da derrota temporária.

Semelhante realidade induz a criatura à precaução mais insistente.

A experiência amarga de Judas repete­se com a maioria dos homens, todos os dias, embora em outros setores.

Há quem ouça delituosas insinuações da malícia ou da indisciplina, no que concerne à tranqüilidade interior, às questões de família e ao trabalho comum. Por vezes, o homem respira em paz, desenvolvendo as tarefas que lhe são necessárias; todavia, é alcançado pelo conselho da inveja ou da desesperação e perturba­se com falsas perspectivas, penetrando, inadvertidamente, em labirintos escuros e ingratos. Quando reconhece o equívoco do cérebro ou do coração, volta­se, ansioso, para os conselheiros da véspera, mas o mundo inferior, refazendo a observação a Judas, exclama em zombaria: – “Que nos importa? Isso é contigo.”

NOSSA REFLEXÃO

É importante observar do conteúdo dessa mensagem de Emmanuel que nós podemos, mesmo querendo fazer o bem, fazer o mal.

Então, Judas que Jesus já havia denunciado de suas ações negativas, junto aos sarcedotes, na última ceia, fez o mal a Jesus sem intenção. Ou seja, foi condenado por ele mesmo, por uma ação culposa, pois se arrependeu e se suicidou.

A invigilância é a nossa pedra no sapato, há milênio.

Emmanuel nos fala, sobre esses processos, quando damos ouvidos à malediência ou à calúnia: “semelhante realidade induz a criatura à precaução mais insistente.”

Temos a liberdade de dar ouvidos ou não ao que nos chega aos ouvidos ou à mente. Somos influenciados todos os dias e todas as horas.

No campo espiritual, A. Kardec perguntou aos Espíritos Superiores: “Influem os Espíritos em nossos pensamentos e em nossos atos? ‘Muito mais do que imaginais. Influem a tal ponto que, de ordinário, são eles que vos dirigem.’”[1]. A. Kardec foi mais fundo sobre a influência dos Espíritos em nossa vida: Exercem os Espíritos alguma influência nos acontecimentos da vida? ‘Certamente, pois que te aconselham.’”[2]

Então, devemos ter cuidado com o que pensamos ou ouvimos, para não os associarmos ao mal. Isto se chama vigilância, pois os pensamentos pululam em nossas mentes e devemos, então, ter o cuidado de não alimentá-los como verdade ou necessidade.

Sobre isso, A. Kardec nos esclarece:

Todo pensamento mau resulta, pois, da imperfeição da alma; mas, de acordo com o desejo que alimenta de depurar-se, mesmo esse mau pensamento se lhe torna uma ocasião de adiantar-se, porque ela o repele com energia. É indício de esforço por apagar uma mancha. Não cederá, se se apresentar oportunidade de satisfazer a um mau desejo. Depois que haja resistido, sentir-se-á mais forte e contente com a sua vitória.[3]

 

O mesmo pode ocorrer no plano físico, com Espíritos encarnados. Cabe a nós refletir sobre a influência de nossas amizades pra não cairmos em tentação de seguir uma ideia que pode ser fruto de arrependimento mais tarde.

Que tenhamos esse entendimento em nossas relações físicas ou espirituais.

Que Deus nos ajude.

Domício.



[1] Vide Questão nº 459 de O Livro dos Espíritos.
[2] Vide Questão nº 525 de O Livro dos Espíritos.
[3]
Vide O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. VIII, Item 7.