85
E O ADÚLTERO?
E, pondo-a no meio, disseram-lhe: Mestre, esta mulher foi
apanhada, no próprio ato, adulterando.
(JOÃO,
8:4).
O
caso da pecadora apresentada pela multidão a Jesus envolve considerações muito
significativas, referentemente ao impulso do homem para ver o mal nos
semelhantes, sem enxerga-lo em si mesmo.
Entre
as reflexões que a narrativa sugere, identificamos a do errôneo conceito de
adultério unilateral.
Se
a infeliz fora encontrada em pleno delito, onde se recolhera o adúltero que não
foi trazido a julgamento pelo cuidado popular? Seria ela a única responsável?
Se existia uma chaga no organismo coletivo, requisitando intervenção a fim de ser
extirpada, em que furna se ocultava aquele que ajudava a fazê-la?
A
atitude do Mestre, naquela hora, caracterizou-se por infinita sabedoria e
inexcedível amor. Jesus não podia centralizar o peso da culpa na mulher
desventurada e, deixando perceber o erro geral, indagou dos que se achavam sem
pecado.
O
grande e espontâneo silêncio, que então se fez, constituiu resposta mais eloquente
que qualquer declaração verbal.
Ao
lado da mulher adúltera permaneciam também os homens pervertidos, que se
retiraram envergonhados.
O
homem e a mulher surgem no mundo com tarefas específicas que se integram,
contudo, num trabalho essencialmente uno, dentro do plano da evolução
universal. No capítulo das experiências inferiores, um não cai sem o outro,
porque a ambos foi concedido igual ensejo de santificar.
Se
as mulheres desviadas da elevada missão que lhes cabe prosseguem sob triste
destaque no caminho social, é que os adúlteros continuam ausentes da hora de
juízo, tanto quanto no momento da célebre sugestão de Jesus.
NOSSA REFLEXÃO
O adultério de um casal é uma
atitude repreensível, tanto para o homem como para a mulher, porque um não comete
sem a conivência da outra ou do outro. Salvo o adultério em pensamento.
Esta atitude de não
cometer o adultério deve estar gravada em nossa mente, pois ela já se encontra
entre os 10 Mandamentos de Moisés. Todavia, o Cristo nos relembrou este ato
repreensível até em pensamento. Isto equivale a dizer que se o pensamento não for
colocado em prática por falta de oportunidade, assim, mesmo, o adultério foi
cometido. A. Kardec nos explica melhor: Se uma pessoa tem um mau pensamento, tenta
colocá-lo em prática e se “[...] não o leva a efeito, não é por virtude da sua
vontade, mas por falta de ensejo. É, pois, tão culpada quanto o seria se o
cometesse”. [1]
Como A. Kardec coloca, sobre
esta temática, um mau pensamento é sinal de imperfeição. Aquele que o repele ou
não o alimenta, “[...] sentir-se-á mais forte e contente com a sua vitória”.[2]
Ainda sobre o
adultério, Emmanuel nos faz lembrar da passagem da mulher adúltera (JOÃO, 8: 3 a
11) que é um chamamento a todos e todas sobre a co-participação em atos repreensíveis perante a Lei Deus. Conforme a Lei Moisaica, a mulher deveria ser lapidada. Nessa hora, Jesus pergunta sobre quem participou
do ato da mulher ou, de outra maneira, perguntou quem não tinha pecado. O silencio
foi a resposta e um a um foi embora. Contudo, Jesus não aprovou o ato da
mulher, dizendo-lhe: “Vai-te e de futuro não
tornes a pecar.” (João, 8:11.).
Esta passagem nos remete
à indulgência que devemos ter para com o (a) próximo (a). Quando o Cristo disse aos
homens:“Atire-lhe
a primeira pedra aquele que estiver isento de pecado”, Ele quis dizer “[...] que
não devemos julgar com mais severidade os outros, do que nos julgamos a nós
mesmos, nem condenar em outrem aquilo de que nos absolvemos. Antes de
profligarmos a alguém uma falta, vejamos se a mesma censura não nos pode ser
feita.[3]
Desse modo, devemos
tanto repreender nossos maus pensamentos, como ser indulgentes com os pensamentos
e atos dos(as) nossos (as) semelhantes, sem, contudo, ser convivente com o mau
proceder de ninguém.
Que Deus nos ajude.
Domício.
Nenhum comentário:
Postar um comentário