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SACUDIR
O PÓ
E se ninguém vos receber, nem escutar
as vossas palavras, saindo daquela casa ou cidade, sacudi o pó de vossos pés.
Jesus (MATEUS, 10:14).
Os próprios discípulos materializaram o ensinamento de
Jesus, sacudindo a poeira das sandálias, em se retirando desse ou daquele lugar
de rebeldia ou impenitência. Todavia, se o símbolo que transparece da lição do
Mestre estivesse destinado apenas a gesto mecânico, não teríamos nele senão um
conjunto de palavras vazias.
O ensinamento, porém, é mais profundo. Recomenda a
extinção do fermento doentio.
Sacudir o pó dos pés é não conservar qualquer mágoa ou
qualquer detrito nas bases da vida, em face da ignorância e da perversidade que
se manifestam no caminho de nossas experiências comuns.
Natural é o desejo de confiar a outrem as sementes da
verdade e do bem; entretanto, se somos recebidos pela hostilidade do meio a que
nos dirigimos, não é razoável nos mantenhamos em longas observações e
apontamentos, que, ao invés de nos conduzir a tarefa a êxito oportuno,
estabelecem sombras e dificuldades em torno de nós.
Se alguém te não recebeu
a boa vontade, nem te percebeu a boa intenção, por que a perda de tempo em sentenças
acusatórias? Tal atitude não soluciona os problemas espirituais. Ignoras,
acaso, que o negador e o indiferente serão igualmente chamados pela morte do
corpo à nossa pátria de origem? Encomenda-os a Jesus com amor e prossegue, em
linha reta, buscando os teus sagrados objetivos. Há muito por fazer na
edificação espiritual do mundo e de ti mesmo. Sacode, pois, as más impressões e
marcha alegremente.
NOSSA REFLEXÃO
Essa mensagem de
Emmanuel nos faz lembrar o espírita noviço dado a falar muito. Muito empolgado com
a iluminação que está se deixando entregar. Na verdade, o Espiritismo não tem
caráter proselitista, pois respeita todo e qualquer credo ou filosofia de vida.
Esse versículo inspirador
de Emmanuel, para escrever esta página está interpretado em O Evangelho Segundo o Espiritimo, Cap. XXV, item 11. É um capítulo que trata
do esforço de todos e todas nós em alcançar o Reino de Deus. Intitulado Buscai
e achareis, traz reflexões sobre o que podemos e devemos fazer para evoluir,
sem angústias, sempre acreditando na providência divina. Assim, A. Kardec expõe:
“A par do sentido próprio, essas palavras guardam um sentido moral muito
profundo. Proferindo-as, ensinava Jesus a seus discípulos que confiassem na
Providência”. Naquela época isto era muito comum, receber viajantes, pois não
eram muitos.
Entretanto, em particular,
o versículo pode parecer que Jesus ensinava a desprezar àqueles que não os
recebessem. Não, como A. Kardec esclarece, a ideia é que procurassem pessoas de
boa vontade. Em relação aos espíritas que buscam esclarecer quem não quer ouvi-los
com boa vontade, ele diz:
O
mesmo diz hoje o Espiritismo a seus adeptos: não violenteis nenhuma
consciência; a ninguém forceis para que deixe a sua crença, a fim de adotar a
vossa; não anatematizeis os que não pensem como vós; acolhei os que venham ter
convosco e deixai tranquilos os que vos repelem. Lembrai-vos das palavras do
Cristo. Outrora, o céu era tomado com violência; hoje o é pela brandura.
Então, que falemos do
Espiritismo às pessoas que nos procurem para tanto, como é o que ocorre com as
pessoas que buscam as casas espíritas ou um amigo ou uma amiga que queira
conversar a respeito.
Para os que não nos
queiram ouvir e, pelo contrário, provocam o debate, Emmanuel coloca em outras
palavras o que sugere Jesus, narrado por Mateus: “Sacode, pois, as más impressões e marcha alegremente”.
Que
Deus nos ajude.
Domício.
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