domingo, 7 de agosto de 2022

SACUDIR O PÓ

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SACUDIR O PÓ

E se ninguém vos receber, nem escutar as vossas palavras, saindo daquela casa ou cidade, sacudi o pó de vossos pés.

Jesus (MATEUS, 10:14).

Os próprios discípulos materializaram o ensinamento de Jesus, sacudindo a poeira das sandálias, em se retirando desse ou daquele lugar de rebeldia ou impenitência. Todavia, se o símbolo que transparece da lição do Mestre estivesse destinado apenas a gesto mecânico, não teríamos nele senão um conjunto  de palavras vazias.

O ensinamento, porém, é mais profundo. Recomenda a extinção do fermento doentio.

Sacudir o pó dos pés é não conservar qualquer mágoa ou qualquer detrito nas bases da vida, em face da ignorância e da perversidade que se manifestam no caminho de nossas experiências comuns.

Natural é o desejo de confiar a outrem as sementes da verdade e do bem; entretanto, se somos recebidos pela hostilidade do meio a que nos dirigimos, não é razoável nos mantenhamos em longas observações e apontamentos, que, ao invés de nos conduzir a tarefa a êxito oportuno, estabelecem sombras e dificuldades em torno de nós.

Se alguém te não recebeu a boa ­vontade, nem te percebeu a boa intenção, por que a perda de tempo em sentenças acusatórias? Tal atitude não soluciona os problemas espirituais. Ignoras, acaso, que o negador e o indiferente serão igualmente chamados pela morte do corpo à nossa pátria de origem? Encomenda­-os a Jesus com amor e prossegue, em linha reta, buscando os teus sagrados objetivos. Há muito por fazer na edificação espiritual do mundo e de ti mesmo. Sacode, pois, as más impressões e marcha alegremente.

NOSSA REFLEXÃO

Essa mensagem de Emmanuel nos faz lembrar o espírita noviço dado a falar muito. Muito empolgado com a iluminação que está se deixando entregar. Na verdade, o Espiritismo não tem caráter proselitista, pois respeita todo e qualquer credo ou filosofia de vida.

Esse versículo inspirador de Emmanuel, para escrever esta página está interpretado em O Evangelho Segundo o Espiritimo, Cap. XXV, item 11. É um capítulo que trata do esforço de todos e todas nós em alcançar o Reino de Deus. Intitulado Buscai e achareis, traz reflexões sobre o que podemos e devemos fazer para evoluir, sem angústias, sempre acreditando na providência divina. Assim, A. Kardec expõe: “A par do sentido próprio, essas palavras guardam um sentido moral muito profundo. Proferindo-as, ensinava Jesus a seus discípulos que confiassem na Providência”. Naquela época isto era muito comum, receber viajantes, pois não eram muitos.

Entretanto, em particular, o versículo pode parecer que Jesus ensinava a desprezar àqueles que não os recebessem. Não, como A. Kardec esclarece, a ideia é que procurassem pessoas de boa vontade. Em relação aos espíritas que buscam esclarecer quem não quer ouvi-los com boa vontade, ele diz:

O mesmo diz hoje o Espiritismo a seus adeptos: não violenteis nenhuma consciência; a ninguém forceis para que deixe a sua crença, a fim de adotar a vossa; não anatematizeis os que não pensem como vós; acolhei os que venham ter convosco e deixai tranquilos os que vos repelem. Lembrai-vos das palavras do Cristo. Outrora, o céu era tomado com violência; hoje o é pela brandura.

 

Então, que falemos do Espiritismo às pessoas que nos procurem para tanto, como é o que ocorre com as pessoas que buscam as casas espíritas ou um amigo ou uma amiga que queira conversar a respeito.

Para os que não nos queiram ouvir e, pelo contrário, provocam o debate, Emmanuel coloca em outras palavras o que sugere Jesus, narrado por Mateus: “Sacode, pois, as más impressões e marcha alegremente”.

Que Deus nos ajude.

Domício.

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