domingo, 31 de julho de 2022

ELOGIOS

 

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ELOGIOS

Mas ele disse: antes, bem-­aventurados os que ouvem a palavra de Deus e a guardam.

(LUCAS, 11:28).

Dirigira-­se Jesus à multidão, com o enorme poder do seu amor, conquistando geral atenção. Mal terminara as observações amorosas e sábias, eis que uma senhora se levanta no seio da turba e, magnetizada pela sua expressão de espiritualidade sublime, reporta­-se, em alta voz, às bem-­aventuranças que deviam caber a Maria, por haver contribuído na vinda do Salvador à face da Terra. Mas, prestamente, na perfeita compreensão das consequências infelizes que poderiam advir da atitude impensada, responde o Mestre que, antes de tudo, serão bem­-aventurados os que ouvem a revelação de Deus e lhe praticam os ensinamentos, observando­-lhe os princípios.

A passagem constitui esclarecimento vivo para que não se amorteça, entre os discípulos sinceros, a campanha contra o elogio pessoal, veneno das obras mais santas a sufocar­-lhes propósitos e esperanças.

Se admiras algum companheiro que se categoriza a teus olhos por trabalhador fiel do bem, não o perturbes com palavras, das quais o mundo tem abusado muitas vezes, construindo frases superficiais, no perigoso festim da lisonja. Ajuda-­o, com boa­ vontade e entendimento, na execução do ministério que lhe compete, sem te esqueceres de que, acima de todas as bem-­aventuranças, brilham os divinos dons daqueles que ouvem a palavra do Senhor, colocando­-a em prática.

NOSSA REFLEXÃO

Vivemos em mundo em que os trabalhos realizados pelas pessoas, que contribuem para o bem da coletividade, são reconhecidos com prêmios, homenagens e aplausos. Isto, comumente ocorre em solenidades promovidas por coletividades, instituições governamentais ou não-governamentais.

Então, isso é muito cativante e bem-vindo para qualquer pessoa que faz um trabalho que considera bom e do bem. É um estímulo sermos bem avaliados pelo bem que fazemos.

Mas, Emmanuel nos lembra muito bem que devemos nos desviar desse desejo e, ainda, sermos contidos nos elogios aos companheiros e às companheiras, para não alimentar neles (as) elementos que podem tisnar sua evolução.

Nesse contexto, Emmanuel nos lembra, em sua mensagem Sirvamos ao bem (Fonte Viva), como Jesus Cristo viveu na Terra:

Jesus, [...] não obstante conhecer a força da verdade que trazia consigo, não se prevaleceu da sua superioridade para humilhar ou ferir. Acima de todas as preocupações, buscou invariavelmente o bem, através de todas as situações e em todas as criaturas.

 

Então, devemos ter muita humildade quanto ao que sabemos e já fizemos na vida, pois, segundo Jesus, em Lucas (14:11): “todo aquele que se eleva será rebaixado e todo aquele que se abaixa será elevado.”

A. Kardec faz uma importante interpretação dessa passagem evangélica:

Não procureis, pois, na Terra, os primeiros lugares, nem vos colocar acima dos outros, se não quiserdes ser obrigados a descer. Buscai, ao contrário, o lugar mais humilde e mais modesto, porquanto Deus saberá dar-vos um mais elevado no céu, se o merecerdes.[1]

 

Que trabalhemos sem esperar recompensas ou elogios, sendo gratos quando ocorrer, pois como dito acima, trata-se da cultura humana reconhecer o trabalho das pessoas e as suas contribuições para a coletividade. Porém, não nos deixemos levar pelo orgulho, quando ocorrer conosco e, como Emmanuel bem lembra nessa mensagem que ora refletimos, que tenhamos cuidados quando formos nós a elogiar, para não perturbar a companheira ou ao companheiro “[...] com palavras, das quais o mundo tem abusado muitas vezes, construindo frases superficiais, no perigoso festim da lisonja.”

Que Deus nos ajude.

Domício.


[1] Vide a íntegra em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. VIII, Item 6.

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