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ELOGIOS
Mas ele
disse: antes, bem-aventurados os que ouvem a palavra de Deus e a guardam.
(LUCAS, 11:28).
Dirigira-se Jesus à multidão, com o
enorme poder do seu amor, conquistando geral atenção. Mal terminara as
observações amorosas e sábias, eis que uma senhora se levanta no seio da turba
e, magnetizada pela sua expressão de espiritualidade sublime, reporta-se, em
alta voz, às bem-aventuranças que deviam caber a Maria, por haver contribuído
na vinda do Salvador à face da Terra. Mas, prestamente, na perfeita compreensão
das consequências infelizes que poderiam advir da atitude impensada, responde o
Mestre que, antes de tudo, serão bem-aventurados os que ouvem a revelação de
Deus e lhe praticam os ensinamentos, observando-lhe os princípios.
A passagem constitui esclarecimento
vivo para que não se amorteça, entre os discípulos sinceros, a campanha contra
o elogio pessoal, veneno das obras mais santas a sufocar-lhes propósitos e
esperanças.
Se admiras algum companheiro que se categoriza a teus
olhos por trabalhador fiel do bem, não o perturbes com palavras, das quais o
mundo tem abusado muitas vezes, construindo frases superficiais, no perigoso
festim da lisonja. Ajuda-o, com boa vontade e entendimento, na execução do
ministério que lhe compete, sem te esqueceres de que, acima de todas as
bem-aventuranças, brilham os divinos dons daqueles que ouvem a palavra do
Senhor, colocando-a em prática.
NOSSA REFLEXÃO
Vivemos
em mundo em que os trabalhos realizados pelas pessoas, que contribuem para o bem da coletividade, são reconhecidos com prêmios,
homenagens e aplausos. Isto, comumente ocorre em solenidades promovidas por
coletividades, instituições governamentais ou não-governamentais.
Então,
isso é muito cativante e bem-vindo para qualquer pessoa que faz um trabalho que
considera bom e do bem. É um estímulo sermos bem avaliados pelo bem que
fazemos.
Mas,
Emmanuel nos lembra muito bem que devemos nos desviar desse desejo e, ainda,
sermos contidos nos elogios aos companheiros e às companheiras, para não
alimentar neles (as) elementos que podem tisnar sua evolução.
Nesse contexto, Emmanuel nos lembra, em
sua mensagem Sirvamos ao bem (Fonte Viva), como Jesus Cristo viveu na Terra:
Jesus, [...] não obstante conhecer a
força da verdade que trazia consigo, não se prevaleceu da sua superioridade
para humilhar ou ferir. Acima de todas as preocupações, buscou invariavelmente
o bem, através de todas as situações e em todas as criaturas.
Então,
devemos ter muita humildade quanto ao que sabemos e já fizemos na vida, pois,
segundo Jesus, em Lucas (14:11): “todo aquele que se eleva será
rebaixado e todo aquele que se abaixa será elevado.”
A. Kardec faz uma importante interpretação dessa passagem
evangélica:
Não
procureis, pois, na Terra, os primeiros lugares, nem vos colocar acima dos
outros, se não quiserdes ser obrigados a descer. Buscai, ao contrário, o lugar
mais humilde e mais modesto, porquanto Deus saberá dar-vos um mais elevado no
céu, se o merecerdes.[1]
Que trabalhemos sem
esperar recompensas ou elogios, sendo gratos quando ocorrer, pois como dito
acima, trata-se da cultura humana reconhecer o trabalho das pessoas e as suas
contribuições para a coletividade. Porém, não nos deixemos levar pelo orgulho,
quando ocorrer conosco e, como Emmanuel bem lembra nessa mensagem que ora refletimos, que tenhamos cuidados quando formos nós a elogiar, para não perturbar a companheira
ou ao companheiro “[...] com palavras, das quais o mundo tem abusado muitas vezes,
construindo frases superficiais, no perigoso festim da lisonja.”
Que Deus nos ajude.
Domício.
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