domingo, 28 de agosto de 2022

APRENDAMOS QUANTO ANTES

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APRENDAMOS QUANTO ANTES

Como, pois, recebestes o Senhor Jesus Cristo, assim também andai nele.

Paulo (COLOSSENSES, 2:6).

Entre os que se referem a Jesus Cristo podemos identificar duas grandes correntes diversas entre si: a dos que o conhecem por informações e a dos que lhe receberam os benefícios. Os primeiros recolheram notícias do Mestre nos livros ou nas alheias exortações, entretanto, caminham para a situação dos segundos, que já lhe receberam as bênçãos. A estes últimos, com mais propriedade, dever­-se-­á falar do Evangelho.

Como encontramos o Senhor, na passagem pelo mundo? Às vezes, sua divina presença se manifesta numa solução difícil de problema humano, no restabelecimento da saúde do corpo, no retorno de um ente amado, na espontânea renovação da estrada comum para que nova luz se faça no raciocínio.

Há muita gente informada com respeito a Jesus e inúmeras pessoas que já lhe absorveram a salvadora caridade.

É indispensável, contudo, que os beneficiários do Cristo, tanto quanto experimentam alegria na dádiva, sintam igual prazer no trabalho e no testemunho de fé.

Não bastará fartarmo-­nos de bênçãos. É necessário colaborarmos, por nossa vez, no serviço do Evangelho, atendendo-­lhe o programa santificador.

Muitas recapitulações fastidiosas e muita atividade inútil podem ser peculiares aos espíritos meramente informados; todavia, nós, que já recebemos infinitamente da Misericórdia do Senhor, aprendamos, quanto antes, a adaptação pessoal aos seus sublimes desígnios.

NOSSA REFLEXÃO

Essa mensagem de Emmanuel nos traz a necessidade de mudança interior, pois não adianta conhecermos, sem, contudo, modificarmo-nos na direção de uma sintonia com o que recebemos como informação.

Independentemente da matiz religiosa, cristã, não adianta buscarmos mais informações, frequentando os templos religiosos, participando de estudos, proferindo palestras, participando de trabalho mediúnicos, sobretudo os de desobsessão (no caso dos espíritas), ou mesmo fazermos fartas leituras em casa, dando esmola material, se não nos esforçamos em nos transformar. Pois assim, se comportam os que são citados por Mateus (7: 21 a 23). Sobre isso, A. Kardec disserta:

Todos os que reconhecem a missão de Jesus dizem: “Senhor! Senhor!” — De que serve, porém, lhe chamarem Mestre ou Senhor, se não lhe seguem os preceitos? Serão cristãos os que o honram com exteriores atos de devoção e, ao mesmo tempo, sacrificam ao orgulho, ao egoísmo, à cupidez e a todas as suas paixões? Serão seus discípulos os que passam os dias em oração e não se mostram nem melhores, nem mais caridosos, nem mais indulgentes para com seus semelhantes? Não, porquanto, do mesmo modo que os fariseus, eles têm a prece nos lábios, e não no coração. Pela forma poderão impor-se aos homens; não, porém, a Deus. Em vão dirão eles a Jesus: “Senhor! não profetizamos, isto é, não ensinamos em teu nome; não expulsamos em teu nome os demônios; não comemos e bebemos contigo?[1]

 

Para esses, Jesus pede que se afastem dele.

Jesus pede a todos que já receberam a sua Boa Nova que o sigam fazendo o mesmo que Ele fez (Mateus, 5:19 e 7:24 a 27; Lucas, 6:46 a 49). Então, o Mestre pede que pratiquemos a reforma íntima que caracteriza o bom espírita, que na acepção de A. Kardec é o homem de bem e, em particular, todo aquele que se reconhece pela “[...] sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más”.[2]

Então, se já recebemos tanto do Cristo, cumpre nós nos aproximarmos mais Dele, pois com Emmanuel escreve, nesta mensagem:

Há muita gente informada com respeito a Jesus e inúmeras pessoas que já lhe absorveram a salvadora caridade. É indispensável, contudo, que os beneficiários do Cristo, tanto quanto experimentam alegria na dádiva, sintam igual prazer no trabalho e no testemunho de fé.

 

Então, que sejamos como o bom aprendiz que transforma informações em mudanças interiores, ou seja, aquele que aprendeu.

Que Deus nos ajude.

Domício.



[1] Vide a dissertação de A. Kardec em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XVIII, Item 9.
[2]
O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XVII, Item 4.

domingo, 21 de agosto de 2022

CONTEMPLA MAIS LONGE

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CONTEMPLA MAIS LONGE

Porque com a mesma medida com que medirdes também vos medirão.

Jesus (LUCAS, 6:38).

Para o esquimó, o céu é um continente de gelo, sustentado a focas.

Para o selvagem da floresta, não há outro paraíso, além da caça abundante.

Para o homem de religião sectária, a glória de além-túmulo pertence exclusivamente a ele e aos que se lhe afeiçoam.

Para o sábio, este mundo e os círculos celestiais que o rodeiam são pequeninos departamentos do Universo.

Transfere a observação para o teu campo de experiência diária e não olvides que as situações externas serão retratadas em teu plano interior, segundo o material de reflexão que acolhes na consciência.

Se perseverares na cólera, todas as forças em torno te parecerão iradas.

Se preferes a tristeza, anotarás o desalento, em cada trecho do caminho.

Se duvidas de ti próprio, ninguém confia em teu esforço.

Se te habituaste às perturbações e aos atritos, dificilmente saberás viver em paz contigo mesmo.

Respirarás na zona superior ou inferior, torturada ou tranqüila, em que colocas a própria mente. E, dentro da organização na qual te comprazes, viverás com os gênios que invocas. Se te deténs no repouso, poderás adquiri-lo em todos os tons e matizes, e, se te fixares no trabalho, encontrarás mil recursos diferentes de servir.

Em torno de teus passos, a paisagem que te abriga será sempre em tua apreciação aquilo que pensas dela, porque com a mesma medida que aplicares à natureza, obra viva de Deus, a natureza igualmente te medirá.

NOSSA REFLEXÃO

Nessa mensagem de Emmanuel, ele transpõe um momento da vida messiânica do Cristo para nos dar uma orientação de como devemos conviver com o exterior ou mesmo com o nosso interior espiritual. O Cristo trata de como devemos julgar o próximo, sendo nós tão imperfeitos quanta ele[1].

Pensando na reflexão que Emmanuel nos traz, entendemos que devemos nos despir de nós mesmos, do homem velho que ainda se faz presente em nós.

Em geral, julgamos as pessoas na medida que nos julgamos. Reagimos às pessoas, reagindo a nós mesmos. Em geral, julgamos as pessoas na medida que entendemos que não fazemos mais o que elas fazem. Neste caso, não estamos sendo indulgente com elas, pois se não fazemos mais o que elas fazem, podemos ter feito até de maneira mais inferior em vidas passadas. Além disso, devemos nos despir do entendimento que as pessoas são como nós.

Então, se quisermos viver em paz, devemos nos desfazer do inferno em que vivemos. Nos deixemos observar o que de melhor há fora de nós. A vida não é só tristeza e perturbação. Em suma, nos deixemos contaminar com o que há de belo no nosso exterior. Pensemos que podemos ser melhor do que nos achamos, ou imaginamos que as pessoas acham de nós, lembrando que somos Espíritos perfectíveis fadados à pureza espiritual[2].

Refletindo mais um pouco, o que nos impede de avançarmos mais rápido, espiritualmente, são as diversas capas que nos impede de ver o que tem de melhor em torno de nós. Emmanuel, sobre isso, nos brinda com a mensagem Impedimentos, do livro Fonte Viva, que refletimos no nosso blog correspondente.

Que tenhamos claro o que há de belo em torno de nós e tentemos nos adequar, como Emmanuel finaliza esta mensagem, à “[...] natureza, obra viva de Deus”.

Que Deus nos ajude.

Domício.



[1] Vide dissertação de A. Kardec, sobre isso, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. X, itens 9-10.
[2]
Vide a Escala Espírita em O Livro dos Espíritos, Parte Segunda, Cap. I, itens 100 a 113

domingo, 14 de agosto de 2022

TRABALHO SUSPENSO, POR HOJE

  Olá, caríssimos (as) leitores(as)!!

Hoje, por motivo de trabalho acadêmico, não poderei fazer a nossa reflexão domingueira, respeitando o horário de sempre.

Então, adiamos para o próximo domingo.

Muita paz, saúde e alegrias!!

Domício.

domingo, 7 de agosto de 2022

SACUDIR O PÓ

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SACUDIR O PÓ

E se ninguém vos receber, nem escutar as vossas palavras, saindo daquela casa ou cidade, sacudi o pó de vossos pés.

Jesus (MATEUS, 10:14).

Os próprios discípulos materializaram o ensinamento de Jesus, sacudindo a poeira das sandálias, em se retirando desse ou daquele lugar de rebeldia ou impenitência. Todavia, se o símbolo que transparece da lição do Mestre estivesse destinado apenas a gesto mecânico, não teríamos nele senão um conjunto  de palavras vazias.

O ensinamento, porém, é mais profundo. Recomenda a extinção do fermento doentio.

Sacudir o pó dos pés é não conservar qualquer mágoa ou qualquer detrito nas bases da vida, em face da ignorância e da perversidade que se manifestam no caminho de nossas experiências comuns.

Natural é o desejo de confiar a outrem as sementes da verdade e do bem; entretanto, se somos recebidos pela hostilidade do meio a que nos dirigimos, não é razoável nos mantenhamos em longas observações e apontamentos, que, ao invés de nos conduzir a tarefa a êxito oportuno, estabelecem sombras e dificuldades em torno de nós.

Se alguém te não recebeu a boa ­vontade, nem te percebeu a boa intenção, por que a perda de tempo em sentenças acusatórias? Tal atitude não soluciona os problemas espirituais. Ignoras, acaso, que o negador e o indiferente serão igualmente chamados pela morte do corpo à nossa pátria de origem? Encomenda­-os a Jesus com amor e prossegue, em linha reta, buscando os teus sagrados objetivos. Há muito por fazer na edificação espiritual do mundo e de ti mesmo. Sacode, pois, as más impressões e marcha alegremente.

NOSSA REFLEXÃO

Essa mensagem de Emmanuel nos faz lembrar o espírita noviço dado a falar muito. Muito empolgado com a iluminação que está se deixando entregar. Na verdade, o Espiritismo não tem caráter proselitista, pois respeita todo e qualquer credo ou filosofia de vida.

Esse versículo inspirador de Emmanuel, para escrever esta página está interpretado em O Evangelho Segundo o Espiritimo, Cap. XXV, item 11. É um capítulo que trata do esforço de todos e todas nós em alcançar o Reino de Deus. Intitulado Buscai e achareis, traz reflexões sobre o que podemos e devemos fazer para evoluir, sem angústias, sempre acreditando na providência divina. Assim, A. Kardec expõe: “A par do sentido próprio, essas palavras guardam um sentido moral muito profundo. Proferindo-as, ensinava Jesus a seus discípulos que confiassem na Providência”. Naquela época isto era muito comum, receber viajantes, pois não eram muitos.

Entretanto, em particular, o versículo pode parecer que Jesus ensinava a desprezar àqueles que não os recebessem. Não, como A. Kardec esclarece, a ideia é que procurassem pessoas de boa vontade. Em relação aos espíritas que buscam esclarecer quem não quer ouvi-los com boa vontade, ele diz:

O mesmo diz hoje o Espiritismo a seus adeptos: não violenteis nenhuma consciência; a ninguém forceis para que deixe a sua crença, a fim de adotar a vossa; não anatematizeis os que não pensem como vós; acolhei os que venham ter convosco e deixai tranquilos os que vos repelem. Lembrai-vos das palavras do Cristo. Outrora, o céu era tomado com violência; hoje o é pela brandura.

 

Então, que falemos do Espiritismo às pessoas que nos procurem para tanto, como é o que ocorre com as pessoas que buscam as casas espíritas ou um amigo ou uma amiga que queira conversar a respeito.

Para os que não nos queiram ouvir e, pelo contrário, provocam o debate, Emmanuel coloca em outras palavras o que sugere Jesus, narrado por Mateus: “Sacode, pois, as más impressões e marcha alegremente”.

Que Deus nos ajude.

Domício.