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MELHOR SOFRER NO BEM
Porque melhor é que
padeçais fazendo bem (se a vontade de Deus assim o quer), do que fazendo mal.”
Pedro (I PEDRO, 3:17).
Para amealhar recursos financeiros que será compelido a abandonar
precipitadamente, o homem muitas vezes adquire deploráveis enfermidades, que
lhe corroem os centros de força, trazendo a morte indesejável.
Comprando sensações efêmeras para o corpo de carne, comumente recebe
perigosos males que o acompanham até aos últimos dias do veículo em que se
movimenta na Terra.
Encolerizando-se por insignificantes lições do caminho, envenena órgãos
vitais, criando fatais desequilíbrios à vida física.
Recheando o estômago, em certas ocasiões, estabelece a viciação de aparelhos
importantes da instrumentalidade fisiológica, renunciando à perfeição do vaso
carnal pelo simples prazer da gula.
Por que temer os percalços da senda clara do amor e da sabedoria, se o
trilho escuro do ódio e da ignorância permanece repleto de forças vingadoras e
perturbantes?
Como recear o cansaço e o esgotamento, as complicações e incompreensões, os
conflitos e os desgostos decorrentes da abençoada luta pela suprema vitória do
bem, se o combate pelo triunfo provisório do mal conduz os batalhadores a tributos
aflitivos de sofrimento?
Gastemos nossas melhores possibilidades a serviço do Cristo, empenhando-lhe
nossas vidas.
A arma criminosa que se quebra e a medida repugnante consumada provocam
sempre maldição e sombra, mas para o servo dilacerado no dever e para a lâmpada
que se apaga no serviço iluminativo reserva-se destino diferente.
NOSSA REFLEXÃO
Emmanuel, no faz lembrar
que além de trazer uma programação de provas e expiações, a gente ainda complica
nossa vida com os excessos que o corpo não aguenta e vícios que aos poucos o vai
destruindo, quando não destrói numa tacada.
Sim, não nos satisfazemos
com os compromissos que trazemos ao reencarnar, que por si, já, alguns, são dolorosos,
físico ou mentalmente e acrescentamos mais alguns.
Sobre isso, A. Kardec nos
traz a seguinte reflexão sobre as causas das aflições humanas:
De duas espécies são as vicissitudes da
vida, ou, se o preferirem, promanam de duas fontes bem diferentes, que importa
distinguir. Umas têm sua causa na vida presente; outras, fora desta vida.
Remontando-se à origem dos males
terrestres, reconhecer-se-á que muitos são consequência natural do caráter e do
proceder dos que os suportam. Quantos homens caem por sua própria culpa!
Quantos são vítimas de sua imprevidência,
de seu orgulho e de sua ambição![1]
E segue relacionando as
causas atuais das aflições humanas. Ou seja, chegando a madureza, devemos refletir
sobre o que fizemos para merecer essa ou aquela atribulação.
Então, pensando que não
complicamos nossa vida, com os nossos equívocos, lembrando que já trazemos de
vidas passadas algumas aflições a viver, como sofrer no bem? A. Kardec nos
esclarece, dizendo que
Jamais deve o homem olvidar que se acha
num mundo inferior, ao qual somente as suas imperfeições o conservam preso. A
cada vicissitude, cumpre-lhe lembrar-se de que, se pertencesse a um mundo mais
adiantado, isso não se daria e que só de si depende não voltar a este,
trabalhando por se melhorar.[2]
Sobre o bem e mal sofrer,
o Espírito Lacordaire amplia a nossa visão:
Quando o Cristo disse: “Bem-aventurados
os aflitos, o Reino dos Céus lhes pertence”, não se referia de modo geral aos
que sofrem, visto que sofrem todos os que se encontram na Terra, quer ocupem
tronos, quer jazam sobre a palha. Mas, ah! poucos sofrem bem; poucos
compreendem que somente as provas bem suportadas podem conduzi-los ao Reino de
Deus.[3]
Então, temos uma meta,
enquanto Espíritos que somos, ao viver num mundo de provas e expiações:
trabalhar pela nossa melhoria espiritual, como pela de nossos semelhantes.
Que Deus nos ajude.
Domício.
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