domingo, 19 de junho de 2022

MELHOR SOFRER NO BEM

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MELHOR SOFRER NO BEM

Porque melhor é que padeçais fazendo bem (se a vontade de Deus assim o quer), do que fazendo mal.”

Pedro (I PEDRO, 3:17).

Para amealhar recursos financeiros que será compelido a abandonar precipitadamente, o homem muitas vezes adquire deploráveis enfermidades, que lhe corroem os centros de força, trazendo a morte indesejável.

Comprando sensações efêmeras para o corpo de carne, comumente recebe perigosos males que o acompanham até aos últimos dias do veículo em que se movimenta na Terra.

Encolerizando-se por insignificantes lições do caminho, envenena órgãos vitais, criando fatais desequilíbrios à vida física.

Recheando o estômago, em certas ocasiões, estabelece a viciação de aparelhos importantes da instrumentalidade fisiológica, renunciando à perfeição do vaso carnal pelo simples prazer da gula.

Por que temer os percalços da senda clara do amor e da sabedoria, se o trilho escuro do ódio e da ignorância permanece repleto de forças vingadoras e perturbantes?

Como recear o cansaço e o esgotamento, as complicações e incompreensões, os conflitos e os desgostos decorrentes da abençoada luta pela suprema vitória do bem, se o combate pelo triunfo provisório do mal conduz os batalhadores a tributos aflitivos de sofrimento?

Gastemos nossas melhores possibilidades a serviço do Cristo, empenhando­-lhe nossas vidas.

A arma criminosa que se quebra e a medida repugnante consumada provocam sempre maldição e sombra, mas para o servo dilacerado no dever e para a lâmpada que se apaga no serviço iluminativo reserva-se destino diferente.

NOSSA REFLEXÃO

Emmanuel, no faz lembrar que além de trazer uma programação de provas e expiações, a gente ainda complica nossa vida com os excessos que o corpo não aguenta e vícios que aos poucos o vai destruindo, quando não destrói numa tacada.

Sim, não nos satisfazemos com os compromissos que trazemos ao reencarnar, que por si, já, alguns, são dolorosos, físico ou mentalmente e acrescentamos mais alguns.

Sobre isso, A. Kardec nos traz a seguinte reflexão sobre as causas das aflições humanas:

De duas espécies são as vicissitudes da vida, ou, se o preferirem, promanam de duas fontes bem diferentes, que importa distinguir. Umas têm sua causa na vida presente; outras, fora desta vida.

Remontando-se à origem dos males terrestres, reconhecer-se-á que muitos são consequência natural do caráter e do proceder dos que os suportam. Quantos homens caem por sua própria culpa! Quantos são vítimas de sua imprevidência, de seu orgulho e de sua ambição![1]

E segue relacionando as causas atuais das aflições humanas. Ou seja, chegando a madureza, devemos refletir sobre o que fizemos para merecer essa ou aquela atribulação.

Então, pensando que não complicamos nossa vida, com os nossos equívocos, lembrando que já trazemos de vidas passadas algumas aflições a viver, como sofrer no bem? A. Kardec nos esclarece, dizendo que

Jamais deve o homem olvidar que se acha num mundo inferior, ao qual somente as suas imperfeições o conservam preso. A cada vicissitude, cumpre-lhe lembrar-se de que, se pertencesse a um mundo mais adiantado, isso não se daria e que só de si depende não voltar a este, trabalhando por se melhorar.[2]

Sobre o bem e mal sofrer, o Espírito Lacordaire amplia a nossa visão:

Quando o Cristo disse: “Bem-aventurados os aflitos, o Reino dos Céus lhes pertence”, não se referia de modo geral aos que sofrem, visto que sofrem todos os que se encontram na Terra, quer ocupem tronos, quer jazam sobre a palha. Mas, ah! poucos sofrem bem; poucos compreendem que somente as provas bem suportadas podem conduzi-los ao Reino de Deus.[3]

Então, temos uma meta, enquanto Espíritos que somos, ao viver num mundo de provas e expiações: trabalhar pela nossa melhoria espiritual, como pela de nossos semelhantes.

Que Deus nos ajude.

Domício.


[1] Vide O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. V, Item 4 (Causas atuais das aflições).
[2] Vide O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. V, Item 6 (Causas anteriores das aflições).
[3] Vide mensagem na íntegra em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. V, Item 18 (Bem e mal sofrer). 

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