domingo, 30 de janeiro de 2022

VÓS, ENTRETANTO

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VÓS, ENTRETANTO

Mas nós, que somos fortes, devemos suportar as fraquezas dos fracos, e não agradar a nós mesmos.

Paulo (ROMANOS, 15:1).

Com que objetivo adquire o homem a noção justa da confiança em Deus? Para furtar-se à luta e viver aguardando o céu? Semelhante atitude não seria compreensível.

O discípulo alcança a luz do conhecimento, a fim de aplicá-la ao próprio caminho. Concedeu-lhe Jesus um traço do Céu para que o desenvolva e estenda através da terra em que pisa.

Receber o sagrado auxílio do Mestre e subtrair-se-lhe à oficina de redenção é testemunhar ignorância extrema.

Dar-se a Cristo é trabalhar pelo estabelecimento de seu reino.

Os templos terrestres, por ausência de compreensão da verdade, permanecem repletos de almas paralíticas, que desertaram do serviço por anseio de bem-aventurança. Isto pode entender-se nas criaturas que ainda não adquiriram o necessário senso da realidade, mas vós, os que já sois fortes no conhecimento, não deveis repousar na indiferença ante os impositivos sagrados da luz acesa, pela infinita bondade do Cristo, em vosso mundo íntimo. É imprescindível tome cada um os seus instrumentos de trabalho, na tarefa que lhe cabe, agindo pela vitória do bem, no círculo de pessoas e atividades que o cercam.

Muitos espíritos doentes, nas falsas preocupações e na ociosidade do mundo, poderão alegar ignorância. Vós, entretanto, não sois fracos, nem pobres da misericórdia do Senhor.

NOSSA REFLEXÃO

Emmanuel nos lembra que a razão de aderirmos ao Cristianismo é a certeza de melhorarmos, cumprindo, na medida de nossas forças os ensinamentos do Mestre Jesus.

Devemos aproveitar toda oportunidade de crescimento, na relação com o nosso semelhante. Não podemos nos isentar do esforço pessoal para atingirmos o Reino dos Céus. Como Emmanuel, nos salienta nesta mensagem: “O discípulo alcança a luz do conhecimento, a fim de aplicá-la ao próprio caminho”. Na mensagem intitulada Aproveita, do livro Fonte Viva (FEB), ele ratifica seu pensamento: “Dá, pois, de ti mesmo, de tuas forças e recursos, agindo sem cessar, na instituição de valores novos, auxiliando os outros, a benefício de ti mesmo”.

Desta forma, estaremos cumprindo uma parcela dos compromissos assumidos por cada cristão em ser um Trabalhador da Última Hora, pois, segundo O Espírito de Verdade:

Deus procede, neste momento, ao censo dos seus servidores fiéis e já marcou com o dedo aqueles cujo devotamento é apenas aparente, a fim de que não usurpem o salário dos servidores animosos, pois aos que não recuarem diante de suas tarefas é que Ele vai confiar os postos mais difíceis na grande obra da regeneração pelo Espiritismo.[1]

Então, que aproveitemos toda oportunidade para ajudar ao próximo nos ajudando, assim, a sermos, cada vez mais, um digno trabalhador da seara do Senhor.

Que Deus nos ajude.



[1] Vide mensagem na íntegra em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XX, Item 5.

domingo, 23 de janeiro de 2022

QUANDO ORARDES

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QUANDO ORARDES

                       E, quando estiverdes orando, perdoai.

Jesus (Marcos, 11:25).

A sincera atitude da alma na prece não obedece aos movimentos mecânicos vulgares. Nas operações da luta comum, a criatura atende, invariavelmente, aos automatismos da experiência material que se modifica de maneira imperceptível, nos círculos do tempo; todavia, quando se volta a alma aos santuários divinos do plano superior, através da oração, põe-se a consciência em contato com o sentido eterno e criador da vida infinita.

Examine cada aprendiz as sensações que experimenta em se colocando na posição de rogativa ao Alto, compreendendo que se lhe faz indispensável a manutenção da paz interna perante as criaturas e quadros circunstanciais do caminho.

A mente que ora permanece em movimentação na esfera invisível.

As inteligências encarnadas, ainda mesmo quando se não conheçam entre si, na pauta das convenções materiais, comunicam-se através dos tênues fios do desejo manifestado na oração. Em tais instantes, que devemos consagrar exclusivamente à zona mais alta de nossa individualidade, expedimos mensagens, apelos, intenções, projetos e ansiedades que procuram objetivo adequado.

É digno de lástima todo aquele que se utiliza da oportunidade para dilatar a corrente do mal, consciente ou inconscientemente. É por este motivo que Jesus, compreendendo a carência de homens e mulheres isentos de culpa, lançou este expressivo programa de amor, a benefício de cada discípulo do Evangelho: – “E, quando estiverdes orando, perdoai.”

NOSSA REFLEXÃO

O versículo inspirador para esta mensagem de Emmanuel, foi narrado por Marcos, relativamente ao contexto da Figueira Estéril (Marcos, 11: 20-26). Esta passagem é muito proveitosa para compreendermos o sentido da fé. Pois, nela, Jesus endossa o valor da fé. Devemos crer que o nosso desejo vai ser cumprido. Daí, observarmos que devemos desejar apenas boas coisas para nós, como para o nosso semelhante. Também, é importante ressaltar que muitos de nós quando falamos do Evangelho (isto se refere, em especial, aos padres, pastores e palestrantes espíritas) não estamos pensando, de fato, com fé, no que falamos.[1]

Neste momento, o Mestre também nos orienta que devemos crer, ao orarmos, que o que foi pedido foi escutado e que vai ser atendido, segundo nossas necessidades e merecimento.[2]

Emmanuel, foca, para esta mensagem, o sentido expressivo do versículo, para nos alertar que, devemos orar de coração puro, misericordioso, como o Cristo nos ensinou, nesta passagem e também em Lucas (18: 9 a 14) quando o fariseu ao orar, despreza o publicano. Sobre isto, A. Kardec, interpreta:

Antes de orardes, se tiverdes qualquer coisa contra alguém, perdoai-lhe, visto que a prece não pode ser agradável a Deus, se não parte de um coração purificado de todo sentimento contrário à caridade. Orai, enfim, com humildade, como o publicano, e não com orgulho, como o fariseu. Examinai os vossos defeitos, não as vossas qualidades e, se vos comparardes aos outros, procurai o que há em vós de mau. (Cap. X, itens 7 e 8.)[3]

Então, como Emmanuel nos orienta, nesta mensagem, ora refletida, que, quando orarmos, devemos nos lembrar que estamos pedindo acesso a uma zona de elevada espiritualidade. Como ele diz:

Examine cada aprendiz as sensações que experimenta em se colocando na posição de rogativa ao Alto, compreendendo que se lhe faz indispensável a manutenção da paz interna perante as criaturas e quadros circunstanciais do caminho. [...] Em tais instantes, que devemos consagrar exclusivamente à zona mais alta de nossa individualidade, expedimos mensagens, apelos, intenções, projetos e ansiedades que procuram objetivo adequado.

Assim, que tenhamos o desejo sincero de fazer o bem, sempre associando o que falamos com o que fazemos ou desejamos fazer, como tenhamos humildade de nossa inferioridade, sendo indulgentes com quem não pensa como nós, baseados nos Evangelhos do Cristo.

Que Deus nos ajude.

Domício.


[1] Conforme A. Kardec, “a figueira que secou é o símbolo dos que apenas aparentam propensão para o bem, mas que, em realidade, nada de bom produzem; dos oradores que mais brilho têm do que solidez, cujas palavras trazem superficial verniz, de sorte que agradam aos ouvidos, sem que, entretanto, revelem, quando perscrutadas, algo de substancial para os corações. É de perguntar-se que proveito tiraram delas os que as escutaram.” (O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XIX, Item 9). Podemos ampliar nosso entendimento, sobre esta passagem evangélica, na sua extensão, ao pensarmos na eficácia da prece (O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XXVII, itens 5-8).
[2] Vide, sobre isto, em Em nossa marcha (Emmanuel – Fonte Viva (Chico Xavier-FEB).

domingo, 16 de janeiro de 2022

Suspensão do trabalho, por hoje

  Olá, caríssimos (as) leitores(as)!!

Hoje, por motivo de trabalho acadêmico, não poderei fazer a nossa reflexão domingueira, respeitando o horário de sempre.

Então, adiamos para o próximo domingo.

Muita paz, saúde e alegrias!!

Domício.

domingo, 9 de janeiro de 2022

CURAS

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CURAS

E curai os enfermos que nela houver e dizei-­lhes: É chegado a vós o reino de Deus.

Jesus (LUCAS, 10:9).

Realmente Jesus curou muitos enfermos e recomendou-os, de modo especial, aos discípulos. Todavia, o Médico celestial não se esqueceu de requisitar ao reino divino quantos se restauram nas deficiências humanas.

Não nos interessa apenas a regeneração do veículo em que nos expressamos, mas, acima de tudo, o corretivo espiritual.

Que o homem comum se liberte da enfermidade, mas é imprescindível que entenda o valor da saúde. Existe, porém, tanta dificuldade para compreendermos a lição oculta da moléstia no corpo, quanta se verifica em assimilarmos o apelo ao trabalho santificante que nos é endereçado pelo equilíbrio orgânico.

Permitiria o Senhor a constituição da harmonia celular apenas para que a vontade viciada viesse golpeá-la e quebrá-la em detrimento do espírito?

O enfermo pretenderá o reajustamento das energias vitais, entretanto, cabe-lhe conhecer a prudência e o valor dos elementos colocados à sua disposição na experiência edificante da Terra.

Há criaturas doentes que lastimam a retenção no leito e choram aflitas, não porque desejem renovar concepções acerca dos sagrados fundamentos da vida, mas por se sentirem impossibilitadas de prolongar os próprios desatinos.

É sempre útil curar os enfermos, quando haja permissão de ordem superior para isto, contudo, em face de semelhante concessão do Altíssimo, é razoável que o interessado na bênção reconsidere as questões que lhe dizem respeito, compreendendo que raiou para seu espírito um novo dia no caminho redentor.

NOSSA REFLEXÃO

Emmanuel nos lembra, nesta mensagem, uma passagem evangélica, citada em Lucas (10:10-12), em que Jesus orienta seus discípulos, em uma missão (intitulada “A missão dos setenta (e dois))”[1] para levar a sua mensagem a toda cidade possível em que Ele programava ir e os orienta que procedam com curas, mas divulgando que o Mestre com ideias renovadoras do campo do Espírito estava por estar entre os possíveis doentes que encontrassem nas cidades.[2]

Esta mensagem nos lembra que se estamos doentes e somos curados, devemos primar, daí em diante, por sermos muito cuidadosos com a saúde física e melhorarmos cada vez mais o que nos levou a adoecer, como pensamentos ou atos maus. Em geral, mais que agradecer por estamos doentes, lastimamos simplesmente por estarmos.

Sobre isto, em outra mensagem, impressa no livro Fonte Viva, Emmanuel nos faz refletir um momento de doença no corpo:

Se te encontras enfermo, não acredites que a ação medicamentosa, através da boca ou dos poros, te possa restaurar integralmente. O comprimido ajuda, a injeção melhora, entretanto, nunca te esqueças de que os verdadeiros males procedem do coração. A mente é fonte criadora. A vida, pouco a pouco, plasma em torno de teus passos aquilo que desejas.[3]

Então, somos o que pensamos ou agimos. A cura integral se dá no campo do Espírito. Logo, devemos agradecer a doença e a cura que ocorrer, pensando que mais do que exposta no corpo físico, a doença está alojada no perispírito. Assim, deve haver mudança espiritual (mudança de hábitos e pensamentos) para que a doença do corpo seja extinta, seja na vida presente, ou depois da partida dela via desenlace do corpo físico. Como Emmanuel nos questiona, nesta mensagem, ora refletida: “Permitiria o Senhor a constituição da harmonia celular apenas para que a vontade viciada viesse golpeá-la e quebrá-la em detrimento do espírito?”

Com certeza, não.

Que tenhamos consciência disto para podermos usufruir o máximo possível da presente existência.

Que Deus e nosso Mestre Jesus nos ajudem.

Domício.



[1] DIAS, Haroldo Dutra. O Novo Testamento. trad. 1. ed. 2. Impressão. Brasília: FEB, 2013.
[2] Sendo discípulos do Mestre, estariam em Missão caritativa, desprovidos de qualquer intenção remunerativa por qualquer cura, por que o dom da cura eles receberam de graça. Vide sobre isto em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XXVI - Dai gratuitamente o que gratuitamente recebestes.
[3]
Vide mensagem na ínterga e nossa reflexão em Estás doente?

domingo, 2 de janeiro de 2022

BOAS MANEIRAS

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BOAS MANEIRAS

E assenta-te no último lugar.

Jesus (LUCAS, 14:10).

O Mestre, nesta passagem, proporciona inolvidável ensinamento de boas maneiras.

Certo, a sentença revela conteúdo altamente simbólico, relativamente ao banquete paternal da Bondade divina; todavia, convém deslocarmos o conceito a  fim de aplica-lo igualmente ao mecanismo da vida comum.

A recomendação do Salvador presta-se a todas as situações em que nos vejamos convocados a examinar algo de novo, junto aos semelhantes. Alguém que penetre uma casa ou participe de uma reunião pela primeira vez, timbrando demonstrar que tudo sabe ou que é superior ao ambiente em que se encontra, torna-se intolerável aos circunstantes.

Ainda que se trate de agrupamento enganado em suas finalidades ou intenções, não é razoável que o homem esclarecido, aí ingressando pela vez primeira, se faça doutrinador austero e exigente, porquanto, para a tarefa de retificar ou reconduzir almas, é indispensável que o trabalhador fiel ao bem inicie o esforço, indo ao encontro dos corações pelos laços da fraternidade legítima. Somente assim, conseguirá alijar a imperfeição eficazmente, eliminando uma parcela de sombra, cada dia, através do serviço constante.

Sabemos que Jesus foi o grande reformador do mundo, entretanto, corrigindo e amando, asseverava que viera ao caminho dos homens para cumprir a Lei.

Não assaltes os lugares de evidência por onde passares. E, quando te detiveres com os nossos irmãos em alguma parte, não os ofusques com a exposição do quanto já tenhas conquistado nos domínios do amor e da sabedoria. Se te encontras decidido a cooperar pelo bem dos outros, apaga-te, de algum modo, a fim de que o próximo te possa compreender. Impondo normas ou exibindo poder, nada conseguirás senão estabelecer mais fortes perturbações.

NOSSA REFLEXÃO

Esta mensagem nos traz a reflexão sobre a humildade, ao nos encontrarmos diante de uma plateia ou convidados para uma recepção, confraternização, que tem os mais diversos tipos de perfis, intelectuais ou morais. E, neste caso, devemos nos comportar sempre imaginando que não somos superiores a ninguém, mesmo que tenhamos adquirido mais conhecimento que a maioria. Se somos convidados para falar, naturalmente nos convidarão para frente. Se somos convidados, por amizade com o dono da casa, ocorre do mesmo jeito. Contudo, se não temos esses privilégios, que pensemos que somos aqueles que temos que aprender e aproveitar o momento num simples amizade. Logo, é prescindível que, necessariamente, nos sentemos à frente.

A passagem evangélica, lembrada por Emmanuel, nesta mensagem, ocorreu num momento em que Jesus foi à casa de um fariseu importante, para um tomar um refeição, num sábado. Observou, então, como as pessoas procuravam se assentar nos primeiros lugares. Então, Ele propôs a parábola que nos remete ao entendimento de que “[...] todo aquele que se eleva será rebaixado e todo aquele que se abaixa será elevado” (LUCAS, 14:11).

É importante destacar como esta passagem evangélica, também nos aponta para o esclarecimento de que no mundo espiritual, o nosso verdadeiro mundo, os maiores são aqueles que enquanto encarnados foram superiores em moral e não socialmente. Sobre isto, A. Kardec, nos esclarece:

O Espiritismo sanciona pelo exemplo a teoria, mostrando-nos na posição de grandes no mundo dos Espíritos os que eram pequenos na Terra; e bem pequenos, muitas vezes, os que na Terra eram os maiores e os mais poderosos. E que os primeiros, ao morrerem, levaram consigo aquilo que faz a verdadeira grandeza no céu e que não se perde nunca: as virtudes, ao passo que os outros tiveram de deixar aqui o que lhes constituía a grandeza terrena e que se não leva para a outra vida: a riqueza, os títulos, a glória, a nobreza do nascimento.[1]

 

Esta inversão de posição pode se dar quanto às reencarnações sucessivas, pois, hoje podemos ser grande socialmente e numa futura encarnação sermos menosprezados. Então, como A. Kardec afirma:

Não procureis, pois, na Terra, os primeiros lugares, nem vos colocar acima dos outros, se não quiserdes ser obrigados a descer. Buscai, ao contrário, o lugar mais humilde e mais modesto, porquanto Deus saberá dar-vos um mais elevado no céu, se o merecerdes.[2]

 

Então, que sejamos humildes em qualquer circunstância. Que sempre estejamos, em qualquer lugar, primeiramente para aprender e se formos chamados a falar, caso entendam que temos o que falar, atendamos ao chamado, mas sem a preocupação de convencer a todos e todas. Deste modo, estaremos sendo cautelosos, evitando dissabores no conjunto dos participantes da reunião, como Emmanuel nos alerta, nesta mensagem: “Alguém que penetre uma casa ou participe de uma reunião pela primeira vez, timbrando demonstrar que tudo sabe ou que é superior ao ambiente em que se encontra, torna-se intolerável aos circunstantes”.

Que Deus nos ajude.

Domício.



[1]Vide O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. VII, itens 3 a 6. A propósito, recomendo a leitura e reflexão nossa, da mensagem de Emmanuel, intitulada Assim será, do livro Fonte Viva (Chico Xavier – FEB).
[2] Idem.