domingo, 23 de janeiro de 2022

QUANDO ORARDES

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QUANDO ORARDES

                       E, quando estiverdes orando, perdoai.

Jesus (Marcos, 11:25).

A sincera atitude da alma na prece não obedece aos movimentos mecânicos vulgares. Nas operações da luta comum, a criatura atende, invariavelmente, aos automatismos da experiência material que se modifica de maneira imperceptível, nos círculos do tempo; todavia, quando se volta a alma aos santuários divinos do plano superior, através da oração, põe-se a consciência em contato com o sentido eterno e criador da vida infinita.

Examine cada aprendiz as sensações que experimenta em se colocando na posição de rogativa ao Alto, compreendendo que se lhe faz indispensável a manutenção da paz interna perante as criaturas e quadros circunstanciais do caminho.

A mente que ora permanece em movimentação na esfera invisível.

As inteligências encarnadas, ainda mesmo quando se não conheçam entre si, na pauta das convenções materiais, comunicam-se através dos tênues fios do desejo manifestado na oração. Em tais instantes, que devemos consagrar exclusivamente à zona mais alta de nossa individualidade, expedimos mensagens, apelos, intenções, projetos e ansiedades que procuram objetivo adequado.

É digno de lástima todo aquele que se utiliza da oportunidade para dilatar a corrente do mal, consciente ou inconscientemente. É por este motivo que Jesus, compreendendo a carência de homens e mulheres isentos de culpa, lançou este expressivo programa de amor, a benefício de cada discípulo do Evangelho: – “E, quando estiverdes orando, perdoai.”

NOSSA REFLEXÃO

O versículo inspirador para esta mensagem de Emmanuel, foi narrado por Marcos, relativamente ao contexto da Figueira Estéril (Marcos, 11: 20-26). Esta passagem é muito proveitosa para compreendermos o sentido da fé. Pois, nela, Jesus endossa o valor da fé. Devemos crer que o nosso desejo vai ser cumprido. Daí, observarmos que devemos desejar apenas boas coisas para nós, como para o nosso semelhante. Também, é importante ressaltar que muitos de nós quando falamos do Evangelho (isto se refere, em especial, aos padres, pastores e palestrantes espíritas) não estamos pensando, de fato, com fé, no que falamos.[1]

Neste momento, o Mestre também nos orienta que devemos crer, ao orarmos, que o que foi pedido foi escutado e que vai ser atendido, segundo nossas necessidades e merecimento.[2]

Emmanuel, foca, para esta mensagem, o sentido expressivo do versículo, para nos alertar que, devemos orar de coração puro, misericordioso, como o Cristo nos ensinou, nesta passagem e também em Lucas (18: 9 a 14) quando o fariseu ao orar, despreza o publicano. Sobre isto, A. Kardec, interpreta:

Antes de orardes, se tiverdes qualquer coisa contra alguém, perdoai-lhe, visto que a prece não pode ser agradável a Deus, se não parte de um coração purificado de todo sentimento contrário à caridade. Orai, enfim, com humildade, como o publicano, e não com orgulho, como o fariseu. Examinai os vossos defeitos, não as vossas qualidades e, se vos comparardes aos outros, procurai o que há em vós de mau. (Cap. X, itens 7 e 8.)[3]

Então, como Emmanuel nos orienta, nesta mensagem, ora refletida, que, quando orarmos, devemos nos lembrar que estamos pedindo acesso a uma zona de elevada espiritualidade. Como ele diz:

Examine cada aprendiz as sensações que experimenta em se colocando na posição de rogativa ao Alto, compreendendo que se lhe faz indispensável a manutenção da paz interna perante as criaturas e quadros circunstanciais do caminho. [...] Em tais instantes, que devemos consagrar exclusivamente à zona mais alta de nossa individualidade, expedimos mensagens, apelos, intenções, projetos e ansiedades que procuram objetivo adequado.

Assim, que tenhamos o desejo sincero de fazer o bem, sempre associando o que falamos com o que fazemos ou desejamos fazer, como tenhamos humildade de nossa inferioridade, sendo indulgentes com quem não pensa como nós, baseados nos Evangelhos do Cristo.

Que Deus nos ajude.

Domício.


[1] Conforme A. Kardec, “a figueira que secou é o símbolo dos que apenas aparentam propensão para o bem, mas que, em realidade, nada de bom produzem; dos oradores que mais brilho têm do que solidez, cujas palavras trazem superficial verniz, de sorte que agradam aos ouvidos, sem que, entretanto, revelem, quando perscrutadas, algo de substancial para os corações. É de perguntar-se que proveito tiraram delas os que as escutaram.” (O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XIX, Item 9). Podemos ampliar nosso entendimento, sobre esta passagem evangélica, na sua extensão, ao pensarmos na eficácia da prece (O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XXVII, itens 5-8).
[2] Vide, sobre isto, em Em nossa marcha (Emmanuel – Fonte Viva (Chico Xavier-FEB).

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