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LUGAR DESERTO
E ele lhes disse: Vinde vós aqui, à parte, a um lugar deserto, e repousai
um pouco.
Marcos (6:31).
A exortação
de Jesus aos companheiros reveste-se de singular importância para os discípulos
do Evangelho em todos os tempos.
Indispensável
se torna aprender o caminho do “lugar à parte” em que o Mestre aguarda os aprendizes
para o repouso construtivo em seu amor.
No precioso
símbolo, temos o santuário íntimo do coração sequioso de luz divina.
De modo
algum se referia o Senhor tão somente à soledade dos sítios que favorecem a
meditação, onde sempre encontramos sugestões vivas da natureza humana.
Reportava-se à câmara silenciosa, situada dentro de nós mesmos.
Além disso,
não podemos esquecer que o Espírito sedento de união divina, desde o momento em
que se imerge nas correntes do idealismo superior, passa a sentir-se desajustado,
em profundo insulamento no mundo, embora servindo-o, diariamente, consoante os
indefectíveis desígnios do Alto.
No templo
secreto da alma, o Cristo espera por nós, a fim de revigorar-nos as forças
exaustas.
Os homens
iniciaram a procura do “lugar deserto”, recolhendo-se aos mosteiros ou às
paisagens agrestes; todavia, o ensinamento do Salvador não se fixa no mundo
externo.
Prepara-te
para servir ao reino divino, na cidade ou no campo, em qualquer estação, e não
procures descanso impensadamente, convicto de que, muita vez, a imobilidade do
corpo é tortura da alma. Antes de tudo, busca descobrir, em ti mesmo, o “lugar
à parte” onde repousarás em companhia do Mestre.
NOSSA REFLEXÃO
O
recolhimento para abastecimento das energias físicas e espirituais é necessário
para que possamos enfrentar momentos futuros. Ao nos recolher, conforme
Emmanuel nos fala, encontramos “[...] o Cristo (que) espera por nós, a fim de
revigorar-nos as forças exaustas”.
O Cristo,
mesmo, nos proclamou, em outro momento, quando estava pra nos ensinar a oração “Pai
Nosso”: “Quando quiserdes orar, entrai para o vosso quarto e,
fechada a porta, orai a vosso Pai em secreto; e vosso Pai, que vê o que se
passa em secreto, vos dará a recompensa” (MATEUS, 6: 6). Allan Kardec, sobre
isto, nos amplia o entendimento: “Jesus definiu claramente as qualidades da
prece. Quando orardes, diz Ele, não vos ponhais em evidência; antes, orai em
secreto”[1].
Então,
apesar do recolhimento social ser necessário pra tanto, mais vale ainda o
recolhimento espiritual onde podemos buscar encontrar com o Mestre e a todos que
nos querem bem no plano espiritual.
Que possamos
no dia a dia, ao seu final, nos recolher em ação de graças, buscando o
refazimento físico e espiritual para darmos sequência as atividades habituais
ou mesmo imprevistas do dia seguinte, em que devemos nos manter coerentes com o
que aprendemos com a Doutrina Espírita.
Que Deus nos
ajude.
Domício.