domingo, 3 de outubro de 2021

COM CARIDADE

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COM CARIDADE

Todas as vossas coisas sejam feitas com caridade.

Paulo (I CORÍNTIOS, 16:14).

Ainda existe muita gente que não entende outra caridade, além daquela que se veste de trajes humildes aos sábados ou domingos para repartir algum pão com os desfavorecidos da sorte, que aguarda calamidades públicas para manifestar-­se ou que lança apelos comovedores nos cartazes da imprensa.

Não podemos discutir as intenções louváveis desse ou daquele grupo de pessoas; contudo, cabe­-nos reconhecer que o dom sublime é de sublime extensão.

Paulo indica que a caridade, expressando amor cristão, deve abranger todas as manifestações de nossa vida.

Estender a mão e distribuir reconforto é iniciar a execução da virtude excelsa. Todas as potências do espírito, no entanto, devem ajustar­-se ao preceito divino, porque há caridade em falar e ouvir, impedir e favorecer, esquecer  e recordar. Tempo virá em que a boca, os ouvidos e os pés serão aliados das mãos fraternas nos serviços do bem supremo.

Cada pessoa, como cada coisa, necessita da contribuição da bondade, de modo particular. Homens que dirigem ou que obedecem reclamam­-lhe o concurso santo, a fim de que sejam esclarecidos no departamento da Casa de Deus, em que se encontram. Sem amor sublimado, haverá sempre obscuridade, gerando complicações.

Desempenha tuas mínimas tarefas com caridade, desde agora. Se não encontras retribuição espiritual, no domínio do entendimento, em sentido imediato, sabes que o Pai acompanha todos os filhos devotadamente.

Há pedras e espinheiros? Fixa-­te em Jesus e passa.

NOSSA REFLEXÃO

A Caridade é a temática desta mensagem de Emmanuel. Envolvendo-nos com uma casa religiosa, sempre teremos atividades sociais para contribuir, seja com a contribuição de gêneros alimentícios ou roupas, ou mesmo com a organização delas. Se nos informam de uma catástrofe envolvendo uma comunidade, temos a oportunidade de ajudar enviando recursos que a ajudem a passar pelo momento desolador. Fome é o que não falta em muitas comunidades pelo mundo a fora. Organizações não governamentais realizam campanhas para atender os necessitados. Então, tudo isto representa um louvável tipo de caridade, denominada caridade material.[1] Contudo, há alguns infortúnios que não chegam ao conhecimento da massa caridosa. A. Kardec nos lembra que

Nas grandes calamidades, a caridade se emociona e observam-se impulsos generosos, no sentido de reparar os desastres. No entanto, a par desses desastres gerais, há milhares de desastres particulares, que passam despercebidos: os dos que jazem sobre um grabato sem se queixarem. Esses infortúnios discretos e ocultos são os que a verdadeira generosidade sabe descobrir, sem esperar que peçam assistência.[2]

A intenção desta ação vai além de uma caridade material, pois a ação de se dirigir a um necessitado, sem ele pedir, evitando que o mesmo se humilhe, se constitui outro tipo de caridade, como A. Kardec nos ensina:

A beneficência praticada sem ostentação tem duplo mérito. Além de ser caridade material, é caridade moral, visto que resguarda a suscetibilidade do beneficiado, faz-lhe aceitar o benefício, sem que seu amor-próprio se ressinta e salvaguardando-lhe a dignidade de homem, porquanto aceitar um serviço é coisa bem diversa de receber uma esmola (grifos nossos).[3]

Mas, em essência, o que significa a caridade moral na relação com o nosso semelhante, segundo o Espírito Irmã Rosália?

A caridade moral consiste em se suportarem umas às outras as criaturas e é o que menos fazeis nesse mundo inferior, onde vos achais, por agora, encarnados. Grande mérito há, crede-me, em um homem saber calar-se, deixando fale outro mais tolo do que ele. É um gênero de caridade isso. Saber ser surdo quando uma palavra zombeteira se escapa de uma boca habituada a escarnecer; não ver o sorriso de desdém com que vos recebem pessoas que, muitas vezes erradamente, se supõem acima de vós, quando na vida espírita, a única real, estão, não raro, muito abaixo, constitui merecimento, não do ponto de vista da humildade, mas do da caridade, porquanto não dar atenção ao mau proceder de outrem é caridade moral.[4]

Então, que possamos, iluminados por Cristo, cujo pensamento foi interpretado pelos Espíritos citados acima, e como diz Emmanuel nesta mensagem, baseando-se em Paulo, praticar a caridade, como aquela que, “[...], expressando amor cristão, deve abranger todas as manifestações de nossa vida”.

Que Deus nos ajude.

Domício.


[1] Vide Itens 9-16 do Cap. XIII de O Evangelho Segundo o Espiritismo.
[2] Vide O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XIII, Item 4.
[3] Vide O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XIII, Item 3.
[4] Vide O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XIII, Item 9.

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