domingo, 20 de junho de 2021

FALSAS ALEGAÇÕES

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FALSAS ALEGAÇÕES

Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Peço-te que não me atormentes.

Lucas (8:28).

O caso do Espírito perturbado que sentiu a aproximação de Jesus, recebendo-­lhe a presença com furiosas indagações, apresenta muitos aspectos dignos de estudo.

A circunstância de suplicar ao divino Mestre que não o  atormentasse requer muita atenção por parte dos discípulos sinceros.

Quem poderá supor o Cristo capaz de infligir tormentos a quem quer que seja? E, no caso, trata-se de uma entidade ignorante e perversa que, nos íntimos desvarios, muito já padecia por si mesma. A vizinhança do Mestre, contudo, trazia-lhe claridade suficiente para contemplar o martírio da própria consciência, atolada num pântano de crimes e defecções tenebrosas. A luz castigava-lhe as trevas interiores e revelava-lhe a nudez dolorosa e digna de comiseração.

O quadro é muito significativo para quantos fogem das verdades religiosas da vida, categorizando-lhe o conteúdo à conta de amargo elixir de angústia e sofrimento. Esses espíritos indiferentes e gozadores costumam afirmar que os serviços da fé alagam o caminho de lágrimas, enevoando o coração.

Tais afirmativas, no entanto, denunciam-nos. Em maior ou menor escala, são companheiros do irmão infeliz que acusava Jesus por ministro de tormentos.

NOSSA REFLEXÃO

A passagem evangélica servida de inspiração de Emmanuel apresenta um irmão obsidiado por vários outros Espíritos. É importante frisar que a obsessão é um processo de sintonia, por isto Emmanuel diz, ao encerrar esta mensagem: “Em maior ou menor escala, são companheiros do irmão infeliz que acusava Jesus por ministro de tormentos”.[1]

Ninguém que esteja sofrendo um processo como este pode exirmir-se de culpa, pois é a culpa que trazemos em nós que nos vincula a muitos relacionados ao processo em que fomos protagonistas.

Independente disto, sabemos que somos mais influenciados do que imaginamos.[2] Daí o recado de Emmanuel para que tenhamos cuidado com a influenciação e sintonia com Espíritos sofredores que pululam em nosso derredor.

Este conhecimento que nós, espíritas, temos, nos diferencia em relação aos outros cristãos de credos distintos e nos chama à reforma íntima, particularmente em relação aos nossos pensamentos.

Na mensagem de Emmanuel, intitulada “Além dos outros”, do livro Fonte Viva, temos uma chamada à razão sobre o que fazemos além dos outros no quesito da caridade para concosco e para com os semelhantes.

Tenhamos o cuidado de não darmos espaços para que o que aconteceu com o endaimoniado (ou endemoniado) da região dos Gerasenos.

Que Deus nos ajude.

Domício.



[1] Vide O Livro dos Médiuns, Capítulo XXIII – Da obsessão.
[2]
O Livro dos Espíritos, Questão nº 459. Influem os Espíritos em nossos pensamentos e em nossos atos? “Muito mais do que imaginais. Influem a tal ponto que, de ordinário, são eles que vos dirigem.”

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