19
FALSAS ALEGAÇÕES
Que tenho eu contigo,
Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Peço-te que não me atormentes.
Lucas (8:28).
O caso do Espírito perturbado que sentiu a aproximação
de Jesus, recebendo-lhe a presença com furiosas indagações, apresenta muitos
aspectos dignos de estudo.
A circunstância de suplicar ao divino Mestre que não
o atormentasse requer muita atenção por
parte dos discípulos sinceros.
Quem poderá supor o Cristo capaz de infligir tormentos
a quem quer que seja? E, no caso, trata-se de uma entidade ignorante e perversa
que, nos íntimos desvarios, muito já padecia por si mesma. A vizinhança do
Mestre, contudo, trazia-lhe claridade suficiente para contemplar o martírio da
própria consciência, atolada num pântano de crimes e defecções tenebrosas. A
luz castigava-lhe as trevas interiores e revelava-lhe a nudez dolorosa e digna
de comiseração.
O quadro é muito significativo para quantos fogem das
verdades religiosas da vida, categorizando-lhe o conteúdo à conta de amargo
elixir de angústia e sofrimento. Esses espíritos indiferentes e gozadores
costumam afirmar que os serviços da fé alagam o caminho de lágrimas, enevoando
o coração.
Tais afirmativas, no entanto, denunciam-nos. Em maior
ou menor escala, são companheiros do irmão infeliz que acusava Jesus por
ministro de tormentos.
NOSSA
REFLEXÃO
A passagem evangélica servida de inspiração de
Emmanuel apresenta um irmão obsidiado por vários outros Espíritos. É importante
frisar que a obsessão é um processo de sintonia, por isto Emmanuel diz, ao
encerrar esta mensagem: “Em maior ou menor escala, são companheiros do irmão
infeliz que acusava Jesus por ministro de tormentos”.[1]
Ninguém que esteja sofrendo um processo como este pode
exirmir-se de culpa, pois é a culpa que trazemos em nós que nos vincula a
muitos relacionados ao processo em que fomos protagonistas.
Independente disto, sabemos que somos mais
influenciados do que imaginamos.[2]
Daí o recado de Emmanuel para que tenhamos cuidado com a influenciação e
sintonia com Espíritos sofredores que pululam em nosso derredor.
Este conhecimento que nós, espíritas, temos, nos
diferencia em relação aos outros cristãos de credos distintos e nos chama à reforma
íntima, particularmente em relação aos nossos pensamentos.
Na mensagem de Emmanuel, intitulada “Além dos outros”, do livro Fonte Viva, temos uma chamada à razão sobre o que
fazemos além dos outros no quesito da caridade para concosco e para com os semelhantes.
Tenhamos o cuidado de não darmos espaços para que o que
aconteceu com o endaimoniado (ou endemoniado) da região dos Gerasenos.
Que Deus nos ajude.
Domício.
Nenhum comentário:
Postar um comentário