domingo, 9 de maio de 2021

PÁGINAS

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PÁGINAS

Mas a sabedoria que vem do alto é primeiramente pura, depois pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade e sem hipocrisia.

Tiago (3:17).

Toda página escrita tem alma e o crente necessita auscultar-lhe a natureza. O exame sincero esclarecerá imediatamente a que esfera pertence, no círculo de atividade destruidora no mundo ou no centro dos esforços de edificação para a vida espiritual.

Primeiramente, o leitor amigo da verdade e do bem analisar-lhe-á as linhas, para ajuizar da pureza do seu conteúdo, compreendendo que, se as suas expressões foram nascidas de fontes superiores, aí encontrará os sinais inequívocos da paz, da moderação, da afabilidade fraternal, da compreensão amorosa e dos bons frutos, enfim.

Mas, se a página reflete os venenos sutis da parcialidade humana, semelhante mensagem do pensamento não procede das esferas mais nobres da vida. Ainda que se origine da ação dos Espíritos desencarnados, supostamente superiores, a folha que não faça benefício em harmonia e construção fraternal é, apenas, reflexo de condições inferiores.

Examina, pois, as páginas de teu contato com o pensamento alheio, diariamente, e faze companhia àquelas que te desejam elevação. Não precisas das que se te figurem mais brilhantes, mas daquelas que te façam melhor.

NOSSA REFLEXÃO

Emmanuel, a partir da exortação de Tiago, nos lembra que toda mensagem proveniente, seja do plano físico, como do espiritual, deve passar pelo escrutínio da razão. Ou seja, toda mensagem, vale, mas nem todas são boas para o leitor. Quando não vale, serve para aprimoramos a nossa sintonia, seletividade sobre o que nos chega.

Até numa bela página, podemos encontrar contradições morais que só é possível detectar se estivermos formados para essa detecção. Quando A. Kardec se dispôs a colaborar na obra consoladora, ele não sabia, de memória, a Doutrina dos Espíritos. Então, ele utilizou do método da universalidade do conhecimento, recebendo de várias partes do mundo, respostas a uma mesma pergunta. Deste trabalho surgiu a Doutrina dos Espíritos ou o Espiritismo. E Doutrina foi reunida, basicamente, em 5 livros, vulgarmente denominado de Pentateuco Espírita.[1]

Como, então reconhecer a elevação de uma página espiritual? Em se tratando de páginas provenientes do plano espiritual, temos uma maneira de verificar, conforme orientação de Allan Kardec:

O Espiritismo revela outra categoria bem mais perigosa de falsos cristos e de falsos profetas, que se encontram, não entre os homens, mas entre os desencarnados: a dos Espíritos enganadores, hipócritas, orgulhosos e pseudossábios, que passaram da Terra para a erraticidade e tomam nomes venerados para, sob a máscara de que se cobrem, facilitarem a aceitação das mais singulares e absurdas ideias. [...] O Espiritismo nos faculta os meios de experimentá-los, apontando os caracteres pelos quais se reconhecem os bons Espíritos, caracteres sempre morais, nunca materiais. É à maneira de se distinguirem dos maus os bons Espíritos que, principalmente, podem aplicar-se estas palavras de Jesus: “Pelo fruto é que se reconhece a qualidade da árvore; uma árvore boa não pode produzir maus frutos, e uma árvore má não os pode produzir bons.” Julgam-se os Espíritos pela qualidade de suas obras, como uma árvore pela qualidade dos seus frutos.[2]

Com relação às oriundas do plano físico, ou seja, de Espíritos encarnados, ratifica-se a última frase da citação anterior: “[...] Julgam-se os Espíritos pela qualidade de suas obras, como uma árvore pela qualidade dos seus frutos”.

Se é uma página mediúnica, não oriunda de um grupo espírita conhecido e idôneo, o crivo, além do Pentateuco Espírita, se dá pelas obras do médium receptor da mensagem. Neste caso, um Espírito encarnado, assessorado por um Espírito desencarnado, que pode ser um impostor.

De maneira geral, não nos esquecemos da exortação final de Emmanuel, nesta página, ora refletida. “Examina, pois, as páginas de teu contato com o pensamento alheio, diariamente, e faze companhia àquelas que te desejam elevação. Não precisas das que se te figurem mais brilhantes, mas daquelas que te façam melhor”. Isto pode ser configurado, ao nível das nossas relações pessoais, seja com Espíritos encarnados ou desencarnados (neste caso, não necessariamente em uma reunião mediúnica). No caso dos desencarnados, podemos estar tendo uma influenciação espiritual, má ou boa[3].

Estejamos, assim, em estado de alerta para fazer o reconhecimento de qualquer página chegada até nós e escolhamos as melhores que podem nos fazer melhores.

Que Deus nos ajude.

Domício.


[1] O Livro dos Espíritos (1857), O Livro dos Médiuns (1861), O Evangelho Segundo o Espiritismo (1864), O Céu e o Inferno (1865) e A Gênese (1868). Esta obras foram complementadas pelas seguintes outras: Obras Póstumas (1890), O que é o Espiritismo (1859) e a Revista Espírita.
[2] Vide Item 7, na íntegra, do Cap. XXI de O Evangelho Segundo o Espiritismo.
[3]
Vide “Da intervenção dos Espíritos no mundo corporal” em O Livro dos Espíritos, Parte Segunda, Capítulo IX.

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