domingo, 7 de março de 2021

SALÁRIOS

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SALÁRIOS

E contentai­-vos com o vosso soldo.
João Batista (LUCAS, 3:14).

A resposta de João Batista aos soldados, que lhe rogavam esclarecimentos, é modelo de concisão e de bom senso.

Muita gente se perde através de inextricáveis labirintos, em virtude da compreensão deficiente acerca dos problemas de remuneração na vida comum.

Operários existem que reclamam salários devidos a ministros, sem cogitarem das graves responsabilidades que, não raro, convertem os administradores do mundo em vítimas da inquietação e da insônia, quando não seja em mártires de representações e banquetes.

Há homens cultos que vendem a paz do lar em troca da dilatação de vencimentos.

Inúmeras pessoas seguem, da mocidade à velhice do corpo, ansiosas e descrentes, enfermas e aflitas, por não se conformarem com os ordenados mensais que as circunstâncias do caminho humano lhes assinalam, dentro dos imperscrutáveis Desígnios.

Não é por demasia de remuneração que a criatura se integrará nos quadros divinos.

Se um homem permanece consciente quanto aos deveres que lhe competem, quanto mais altamente pago, estará mais intranquilo.

Desde muito, esclarece a filosofia popular que para a grande nau surgirá a grande tormenta. Contentar­-se cada servidor com o próprio salário é prova de elevada compreensão, ante a justiça do Todo­-Poderoso.

Antes, pois, de analisar o pagamento da Terra, habitua-­te a valorizar as concessões do Céu.

NOSSA REFLEXÃO

Eis uma questão que afeta a todos os trabalhadores e trabalhadoras. Somos todos merecedores do salário acordado em um contrato de trabalho e, condizentes com as leis trabalhistas, merecedores de reajustes condizentes com a desvalorização da moeda num determinado período.

Emmanuel nos aconselha a não nos agastarmos com as diferenças salariais e salários cada vez maiores. Também, neste contexto, é bom levarmos em conta que o salário é fruto do trabalho contratado[1] e que pode, sim, ser elevado de acordo com o merecimento relativo à carreira profissional dentro de um dispositivo legal, já existente e conhecido ou não pelo novo trabalhador. O que não devemos é invejar os salários dos outros sem ter merecimento de tê-lo.

É importante também reiterar que somos usufrutuários do salário que recebemos e que devemos fazer uso dele de modo a não decepcionar Aquele que nos proporcionou a oportunidade de ter direito a ele. Pois é certo que seremos cobrados pelo uso dele.

Emmanuel também nos faz pensar: “Antes, pois, de analisar o pagamento da Terra, habitua-­te a valorizar as concessões do Céu”. Aqui, devemos nos conscientizar que o trabalho que exercemos e o salário correspondente constituem também concessões do Céu, salvo ações delituosas de nossa parte para “merecê-los”. Isto é, toda concessão do Céu é a resposta de Deus ao nosso merecimento ou necessidade espiritual[2].

Que tenhamos consciência do merecimento de nosso salário e que o gastemos com justiça e sabedoria.

Que possamos também trabalhar para que a sociedade seja cada mais justa e proporcione trabalho para todos e todas, bem como supra as necessidades daqueles que porventura estão sem trabalho assalariado (vide questão nº 685 de O Livro dos Espíritos).

Que Deus nos ajude.

Domício.



[1] Isto lembra a parábola do Trabalhador da Última Hora, interpretada por Allan Kardec em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XX.
[2] Vide A Lei do Trabalho em O Livro dos Espíritos, Livro Terceiro, Cap. III.

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