domingo, 21 de fevereiro de 2021

O ARADO

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O ARADO

E Jesus lhe disse: Ninguém, que lança mão do arado e olha para trás é apto para o reino de Deus.

                                                                         Lucas (9:62).


Aqui, vemos Jesus utilizar na edificação do reino divino um dos mais belos símbolos.

Efetivamente, se desejasse, o Mestre criaria outras imagens. Poderia reportar­se às leis do mundo, aos deveres sociais, aos textos da profecia, mas prefere fixar o ensinamento em bases mais simples.

O arado é aparelho de todos os tempos. É pesado, demanda esforço de colaboração entre o homem e a máquina, provoca suor e cuidado e, sobretudo, fere a terra para que produza. Constrói o berço das sementeiras e, à sua passagem, o terreno cede para que a chuva, o sol e os adubos sejam convenientemente aproveitados.

É necessário, pois, que o discípulo sincero tome lições com o divino Cultivador, abraçando­se ao arado da responsabilidade, na luta edificante, sem dele retirar as mãos, de modo a evitar prejuízos graves à “terra de si mesmo”.

Meditemos nas oportunidades perdidas, nas chuvas de misericórdia que caíram sobre nós e que se foram sem qualquer aproveitamento para nosso espírito, no sol de amor que nos vem vivificando há muitos milênios, nos adubos preciosos que temos recusado, por preferirmos a ociosidade e a indiferença.

Examinemos tudo isto e reflitamos no símbolo de Jesus.

Um arado promete serviço, disciplina, aflição e cansaço; no entanto, não se deve esquecer que, depois dele, chegam semeaduras e colheitas, pães no prato e celeiros guarnecidos.

NOSSA REFLEXÃO

O lavrador, caso queira uma boa semeadura, tem que se dedicar diuturnamente à Terra, utilizando-se para, primeiramente, de uma ferramenta que possibilitará que todo o processo restante se dê de forma efetiva: o arado.

Ele tem um objetivo que leva tempo para ser alcançado e que precisa de seu esforço contínuo para levar à cabo a colheita de uma safra.

Jesus utiliza-se de uma analogia ao trabalho do lavrador para nos fazer compreender que precisamos ter determinação, aceitar as intempéries da vida, ter zelo com o que tem à mão (a vida corrente e os Seus ensinos) para colher, ao desencarnar, bençãos provenientes do alto pelo sucesso do trabalho moral e espiritual realizado enquanto estivemos encarnados.

Neste caso, o arado é conjunto de possibilidades evolutivas que nos aparece, tendo em vista nos ajustarmos às Leis de Deus, bem como o material que nos é dado desde a nossa criação, e que foi gravado em nossas consciências. O terreno somos nós mesmos. A colheita é a redenção espiritual, relativa, que conseguimos adquirir em uma vida (safra). Dependendo de nossos esforços, cada safra renderá muitos frutos e cada vez melhores.

A determinação é a reforma íntima, pois devemos enfrentar os rigores das estações que devemos passar. Temos que ser bons cultivadores de nossa própria evolução. Para isso, devemos nos esforçar o máximo possível para aproveitar o melhor que nos é oferecido. Recebemos a Doutrina Espírita e toda a Educação que a sociedade nos oferece (que arado!!) para cultivar em nós bons pensamentos, desejo do bem ao próximo e de mudança espiritual. Mas não é fácil, apesar de possível. Temos que ser bons semeadores, quer dizer bons espíritas, que Segundo Allan Kardec, no Capítulo “Sede Perfeitos”, Item 4, de O Evangelho Segundo o Espiritismo, é reconhecido “[...] pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más”.

Que façamos, assim, das nossas vidas, ao chegar no final da vida física, um grande celeiro de bons frutos, digno de um trabalhador da última hora.[1]

Que Deus nos ajude.

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