domingo, 28 de fevereiro de 2021

ANTES DE SERVIR

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Antes de servir

Bem como o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir.

Jesus (MATEUS, 20:28).

Em companhia do espírito de serviço, estaremos sempre bem guardados. A Criação inteira nos reafirma esta verdade com clareza absoluta.

Dos reinos inferiores às mais altas esferas, todas as coisas servem a seu tempo.

A lei do trabalho, com a divisão e a especialização nas tarefas, prepondera nos mais humildes elementos, nos variados setores da Natureza.

Essa árvore curará enfermidades, aquela outra produzirá frutos. Há pedras que contribuem na construção do lar; outras existem calçando os caminhos.

O Pai forneceu ao filho homem a casa planetária, onde cada objeto se encontra em lugar próprio, aguardando somente o esforço digno e a palavra de ordem, para ensinar à criatura a arte de servir. Se lhe foi doada a pólvora destinada à libertação da energia e se a pólvora permanece utilizada por instrumento de morte aos semelhantes, isto corre por conta do usufrutuário da moradia terrestre, porque o supremo Senhor em tudo sugere a prática do bem, objetivando a elevação e o enriquecimento de todos os valores do Patrimônio universal.

Não olvidemos que Jesus passou entre nós, trabalhando. Examinemos a natureza de sua cooperação sacrificial e aprendamos com o Mestre a felicidade de servir santamente.

Podes começar hoje mesmo.

Uma enxada ou uma caçarola constituem excelentes pontos de início. Se te encontras enfermo, de mãos inabilitadas para a colaboração direta, podes principiar mesmo assim, servindo na edificação moral de teus irmãos.

NOSSA REFLEXÃO

Todo aprendizado que adquirimos na Terra, seja na Escola/Universidade ou noutros núcleos que objetivam ensinar, seja na rua, na convivência com o outro, seja em contato com a Natureza, tem um fim que é nos formar para retribuirmos com a formação dos outros, como para nos graduar na Escala Espírita[1].

Como Emmanuel, nesta mensagem, a Natureza é o maior exemplo de obediência às Leis de Deus, particularmente a Lei de Trabalho[2]. Segundo ele, “[...] cada objeto se encontra em lugar próprio, aguardando somente o esforço digno e a palavra de ordem, para ensinar à criatura a arte de servir”.

Então, Emmanuel nos adverte que, “antes de servir”, lembremos do Senhor, quando de sua estada entre nós, pois Ele nos serviu santamente, nos ensinando, consolando e curando.

Sigamos a Ele, na medida do possível, para que tornemos a nossa Escola Terra o mais proveitosa possível para nós.

Que Deus nos ajude.

Domício.


[1] Vide O Livro dos Espíritos, Livro Primeiro, Cap. I, Itens 100 a 113.
[2] Segundo os Espíritos Superiores, em O Livro dos Espíritos, questão nº 675, “toda ocupação útil é trabalho”. 

domingo, 21 de fevereiro de 2021

O ARADO

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O ARADO

E Jesus lhe disse: Ninguém, que lança mão do arado e olha para trás é apto para o reino de Deus.

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Aqui, vemos Jesus utilizar na edificação do reino divino um dos mais belos símbolos.

Efetivamente, se desejasse, o Mestre criaria outras imagens. Poderia reportar­se às leis do mundo, aos deveres sociais, aos textos da profecia, mas prefere fixar o ensinamento em bases mais simples.

O arado é aparelho de todos os tempos. É pesado, demanda esforço de colaboração entre o homem e a máquina, provoca suor e cuidado e, sobretudo, fere a terra para que produza. Constrói o berço das sementeiras e, à sua passagem, o terreno cede para que a chuva, o sol e os adubos sejam convenientemente aproveitados.

É necessário, pois, que o discípulo sincero tome lições com o divino Cultivador, abraçando­se ao arado da responsabilidade, na luta edificante, sem dele retirar as mãos, de modo a evitar prejuízos graves à “terra de si mesmo”.

Meditemos nas oportunidades perdidas, nas chuvas de misericórdia que caíram sobre nós e que se foram sem qualquer aproveitamento para nosso espírito, no sol de amor que nos vem vivificando há muitos milênios, nos adubos preciosos que temos recusado, por preferirmos a ociosidade e a indiferença.

Examinemos tudo isto e reflitamos no símbolo de Jesus.

Um arado promete serviço, disciplina, aflição e cansaço; no entanto, não se deve esquecer que, depois dele, chegam semeaduras e colheitas, pães no prato e celeiros guarnecidos.

NOSSA REFLEXÃO

O lavrador, caso queira uma boa semeadura, tem que se dedicar diuturnamente à Terra, utilizando-se para, primeiramente, de uma ferramenta que possibilitará que todo o processo restante se dê de forma efetiva: o arado.

Ele tem um objetivo que leva tempo para ser alcançado e que precisa de seu esforço contínuo para levar à cabo a colheita de uma safra.

Jesus utiliza-se de uma analogia ao trabalho do lavrador para nos fazer compreender que precisamos ter determinação, aceitar as intempéries da vida, ter zelo com o que tem à mão (a vida corrente e os Seus ensinos) para colher, ao desencarnar, bençãos provenientes do alto pelo sucesso do trabalho moral e espiritual realizado enquanto estivemos encarnados.

Neste caso, o arado é conjunto de possibilidades evolutivas que nos aparece, tendo em vista nos ajustarmos às Leis de Deus, bem como o material que nos é dado desde a nossa criação, e que foi gravado em nossas consciências. O terreno somos nós mesmos. A colheita é a redenção espiritual, relativa, que conseguimos adquirir em uma vida (safra). Dependendo de nossos esforços, cada safra renderá muitos frutos e cada vez melhores.

A determinação é a reforma íntima, pois devemos enfrentar os rigores das estações que devemos passar. Temos que ser bons cultivadores de nossa própria evolução. Para isso, devemos nos esforçar o máximo possível para aproveitar o melhor que nos é oferecido. Recebemos a Doutrina Espírita e toda a Educação que a sociedade nos oferece (que arado!!) para cultivar em nós bons pensamentos, desejo do bem ao próximo e de mudança espiritual. Mas não é fácil, apesar de possível. Temos que ser bons semeadores, quer dizer bons espíritas, que Segundo Allan Kardec, no Capítulo “Sede Perfeitos”, Item 4, de O Evangelho Segundo o Espiritismo, é reconhecido “[...] pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más”.

Que façamos, assim, das nossas vidas, ao chegar no final da vida física, um grande celeiro de bons frutos, digno de um trabalhador da última hora.[1]

Que Deus nos ajude.

domingo, 14 de fevereiro de 2021

PENSA UM POUCO

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PENSA UM POUCO

As obras que eu faço em nome de meu Pai, essas testificam de mim.

Jesus (JOÃO, 10:25).

É vulgar a preocupação do homem comum, relativamente às tradições familiares e aos institutos terrestres a que se prende, nominalmente, exaltando-­se nos títulos convencionais que lhe identificam a personalidade.

Entretanto, na vida verdadeira, criatura alguma é conhecida por  semelhantes processos. Cada Espírito traz consigo a história viva dos próprios feitos e somente as obras efetuadas dão a conhecer o valor ou o demérito de cada um.

Com o enunciado, não desejamos afirmar que a palavra esteja desprovida  de suas vantagens indiscutíveis; todavia, é necessário compreender-­se que o verbo é também profundo potencial recebido da infinita Bondade, como recurso divino, tornando-­se indispensável saber o que estamos realizando com esse dom do Senhor Eterno.

A afirmativa de Jesus, nesse particular, reveste-­se de imperecível beleza.

Que diríamos de um Salvador que estatuísse regras para a Humanidade, sem partilhar­-lhe as dificuldades e impedimentos?

O Cristo iniciou a missão divina entre homens do campo, viveu entre doutores irritados e pecadores rebeldes, uniu-­se a doentes e aflitos, comeu o duro pão dos pescadores humildes e terminou a tarefa santa entre dois ladrões.

Que mais desejas? Se aguardas vida fácil e situações de evidência no mundo, lembra­-te do Mestre e pensa um pouco.

NOSSA REFLEXÃO

Esta mensagem é um convite à humildade, mesmo que tenhamos uma história de sucesso profissional e/ou pessoal na seara cristã. Os títulos obtidos pelo esforço pessoal, mas apoiado pelo mundo espiritual ou reconhecimento que venhamos a obter da nossa história de vida em prol do bem social não deve servir de motivo para nos sentir grandes em relação aos irmãos e irmãs de jornada terrestre[1].

O ponto de vista[2] de como vemos a nossa reencarnação é que fará diferença ao voltarmos para o plano espiritual. Portanto, para além de nossos triunfos pessoais, é importante pensar (um pouco mais – parafraseando Emmanuel) se de fato conseguimos fazer o melhor de nós, primeiramente em favor de nós mesmo, ois devemos estar bem para ajudar o próximo, e concomitantemente para com o próximo, pois, se o Cristo que fez tudo para atingir a comunhão perfeita com Deus (tornou-se Espírito Puro[3]) e foi imolado na cruz depois da maior e grandiosa missão na Terra, que podemos dizer de nós, projetos de discípulos Dele?

A luta diária contra as nossas limitações espirituais é árdua e por isso nossa evolução é lenta. Contudo, devemos nos constranger com o Amor do Cristo[4] no dia a dia de nossas vidas para não nos iludirmos com as vitórias pessoais, mesmo bastante suadas e com a ajuda dos bons Espíritos.

Que Deus nos ajude.

Domício.


[1] Segundo A. Kardec ao elencar as características de um pessoa de bem, anota, dentre várias, esta: “Não procura dar valor ao seu espírito, nem aos seus talentos, a expensas de outrem; aproveita, ao revés, todas as ocasiões para fazer ressaltar o que seja proveitoso aos outros. Não se envaidece da sua riqueza, nem de suas vantagens pessoais, por saber que tudo o que lhe foi dado pode ser-lhe tirado.
[2] Vide Cap. II, item 4 de O Evangelho Segundo o Espiritismo para maiores reflexões.
[3] Questão nº 244 (O Livro dos Espíritos) – Os Espíritos veem a Deus? “Só os Espíritos superiores o veem e compreendem. Os inferiores o sentem e adivinham.”
[4]
Vide a mensagem Quando há luz, de Emmanuel, refletida por nós.

domingo, 7 de fevereiro de 2021

MÃOS À OBRA

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MÃOS À OBRA[i]

“Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-­se tudo para edificação.”

Paulo (I Coríntios, 14:26).

A igreja de Corinto lutava com certas dificuldades mais fortes, quando Paulo lhe escreveu a observação aqui transcrita.

O conteúdo da carta apreciava diversos problemas espirituais dos companheiros do Peloponeso, mas podemos insular o versículo e aplicá­lo a certas situações dos novos agrupamentos cristãos, formados no ambiente do Espiritismo, na revivescência do Evangelho.

Quase sempre notamos intensa preocupação nos trabalhadores, por novidades em fenomenologia e revelação.

Alguns núcleos costumam paralisar atividades quando não dispõem de médiuns adestrados.

Por quê?

Médium algum solucionará, em definitivo, o problema fundamental da iluminação dos companheiros.

Nossa tarefa espiritual seria absurda se estivesse circunscrita à freqüência mecânica de muitos, a um centro qualquer, simplesmente para assinalarem o esforço de alguns poucos.

Convençam­se os discípulos de que o trabalho e a realização pertencem a todos e que é imprescindível se movimente cada qual no serviço edificante que lhe compete. Ninguém alegue ausência de novidades, quando vultosas concessões da esfera superior aguardam a firme decisão do aprendiz de boa vontade, no sentido de conhecer a vida e elevar­se.

Quando vos reunirdes, lembrai a doutrina e a revelação, o poder de falar e de interpretar de que já sois detentores e colocai mãos à obra do bem e da luz, no aperfeiçoamento indispensável.

NOSSA REFLEXÃO

Esta mensagem de Emmanuel nos lembra uma outra, mas do Espírito André Luiz, por Chico Xavier, do livro Conduta Espírita (FEB), intitulada Perante o fenômeno, da qual destacamos o seguinte pensamento de André Luiz:

No desenvolvimento das tarefas doutrinárias, colocar o fenômeno mediúnico em sua verdadeira posição de coadjuvante natural da convicção, considerando-o, porém, dispensável, na construção moral a que nos propomos. A Doutrina Espírita é luz inalterável.

De fato, devemos refletir que a fenomenologia espírita foi muito necessária nos seus primórdios, pois foi como os Espíritos chamaram a atenção das pessoas, para que os fenômenos, realçados, viessem a chamar a atenção do Prof. Hippolyte Léon Denizard Rivail que veio a ser Allan Kardec, o codificador da Doutrina Espírita[ii].

O livro Pão Nosso, que será o foco de nossa reflexão, a partir desta data (07/02/2021) foi publicado em 1950. De lá para cá, 71 anos, muito se desenvolveu em relação às reuniões espíritas. Os estudos sobre a mediunidade foram desenvolvidos para dar ao espírita condições para que o trabalho mediúnico não tivesse importância maior que o estudo geral da Doutrina e a sua reforma íntima.

Este ano comemora-se o aniversário de publicação do livro O Livro dos Médiuns, de Allan Kardec, que o lançou em 1861; ou seja, faz 160 anos que ele foi publicado.

Allan Kardec se preocupou com o caráter sério de uma reunião espírita quando nos advertiu, como abaixo:

Uma reunião só é verdadeiramente séria, quando cogita de coisas úteis, com exclusão de todas as demais. Se os que a formam aspiram a obter fenômenos extraordinários, por mera curiosidade, ou passatempo, talvez compareçam Espíritos que os produzam, mas os outros daí se afastarão. Numa palavra, qualquer que seja o caráter de uma reunião, haverá sempre Espíritos dispostos a secundar as tendências dos que a componham. Assim, pois, afasta-se do seu objetivo toda reunião séria em que o ensino é substituído pelo divertimento. As manifestações físicas, como dissemos, têm sua utilidade; vão às sessões experimentais os que queiram ver; vão às reuniões de estudos os que queiram compreender; é desse modo que uns e outros lograrão completar sua instrução espírita, tal qual fazem os que estudam Medicina, os quais vão, uns aos cursos, outros às clínicas.[iii]

Seguindo ao verdadeiro caráter de uma reunião espírita, como Allan Kardec ressaltou acima, estaremos aproveitando o melhor e necessário para que qualifiquemos a nossa relação com os Espíritos de qualquer nível espiritual, tanto nos trabalhos espíritas, na Casa Espírita, como no dia a dia de um (a) cidadão (ã) comum.

Que Deus nos ajude nesta senda.

Domício.



[i] Esta publicação do livro Pão Nosso, de Emmanuel, é da Editora FEB, com a seguinte referência bibliográfica: Emmanuel (Espírito). Pão Nosso. Psicografia de Chico Xavier. 1.  ed.  15. imp. – Brasília: FEB, 2019.
[ii] Vide o livro que lançou o Espiritismo: O Livro dos Espíritos, em 1857.
[iii] Vide a íntegra do texto encontrada em O Livro dos Médiuns, Segunda Parte – Capítulo XXIX – Das reuniões e das Sociedades Espíritas