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MANIFESTAÇÕES ESPIRITUAIS
Mas a manifestação do Espírito
é dada a cada um, para o que for útil.
Paulo
(I CORÍNTIOS, 12:7).
Com
a revivescência do Cristianismo puro, nos agrupamentos do Espiritismo com
Jesus, verifica-se idêntica preocupação às que torturavam os aprendizes dos
tempos apostólicos, no que se refere à mediunidade.
A
maioria dos trabalhadores na evangelização inquieta-se pelo desenvolvimento
imediato de faculdades incipientes.
Em
determinados centros de serviço, exigem-se realizações superiores às
possibilidades de que dispõem; em outros, sonha-se com fenômenos de grande
alcance.
O
problema, no entanto, não se resume a aquisições de exterior.
Enriqueça
o homem a própria iluminação íntima, intensifique o poder espiritual, através
do conhecimento e do amor, e entrará na posse de tesouros eternos, de modo natural.
Muitos
aprendizes desejariam ser grandes videntes ou admiráveis reveladores, embalados
na perspectiva de superioridade, mas não se abalançam nem mesmo a meditar no
suor da conquista sublime.
Inclinam-se
aos proventos, mas não cogitam do esforço. Nesse sentido, é interessante
recordar que Simão Pedro, cujo espírito se sentia tão bem com o Mestre glorioso
no Tabor, não suportou as angústias do Amigo flagelado no Calvário.
É
justo que os discípulos pretendam o engrandecimento espiritual, todavia, quem
possua faculdade humilde não a despreze porque o irmão mais próximo seja
detentor de qualidades mais expressivas. Trabalhe cada um com o material que
lhe foi confiado, convicto de que o Supremo Senhor não atende, no problema de
manifestações espirituais, conforme o capricho humano, mas, sim, de acordo com
a utilidade geral.
NOSSA REFLEXÃO
A mediunidade foi a
porta da Doutrina Espírita no seio da sociedade necessitada de informações mais
precisas dos ensinamentos do Cristo. Sabemos que o Mestre prometeu enviar o
Consolador que se constituiu no Espiritismo, 1857 anos depois de sua
partida.[1]
Então, a Doutrina foi
colocada à disposição para que as pessoas compreendessem as coisas que o Cristo
não poderia explicar na sua estada entre nós. Isto se deu através da
mediunidade.
O modo como foi
recebido o fenômeno da mediunidade, separou os simpatizantes do Espiritismo em
duas categorias de espíritas: aqueles que viam nos fenômenos uma possibilidade de
crescimento e aqueles que se prendiam tão somente a eles.
O Espírito Erasto
dissertando sobre a missão dos espíritas, nos alertou:
Arme-se a vossa falange de decisão e coragem! Mãos à obra! o arado está pronto; a terra espera; arai! Ide e agradecei a Deus a gloriosa tarefa que Ele vos confiou; mas atenção! entre os chamados para o Espiritismo muitos se transviaram; reparai, pois, vosso caminho e segui a verdade. Pergunta. – Se, entre os chamados para o Espiritismo, muitos se transviaram, quais os sinais pelos quais reconheceremos os que se acham no bom caminho? Resposta. – Reconhecê-los-eis pelos princípios da verdadeira caridade que eles ensinarão e praticarão. Reconhecê-los-eis pelo número de aflitos a que levem consolo; reconhecê-los-eis pelo seu amor ao próximo, pela sua abnegação, pelo seu desinteresse pessoal; reconhecê-los-eis, finalmente, pelo triunfo de seus princípios, porque Deus quer o triunfo de sua lei; os que seguem sua lei, esses são os escolhidos e Ele lhes dará a vitória;[2]
Temos, então, que
destacar as características dos que se afastaram. Isto é feito por A. Kardec,
quando trata dos bons espíritas:
Nalguns ainda muito tenazes são os laços da matéria para permitirem que o Espírito se desprenda das coisas da Terra; a névoa que os envolve tira-lhes a visão do infinito, donde resulta não romperem facilmente com os seus pendores, nem com seus hábitos, não percebendo haja qualquer coisa melhor do que aquilo de que são dotados. Têm a crença nos Espíritos como um simples fato, mas que nada ou bem pouco lhes modifica as tendências instintivas. Numa palavra: não divisam mais do que um raio de luz, insuficiente a guiá-los e a lhes facultar uma vigorosa aspiração, capaz de lhes sobrepujar as inclinações. Atêm-se mais aos fenômenos do que à moral, que se lhes afigura cediça e monótona. Pedem aos Espíritos que incessantemente os iniciem em novos mistérios, sem procurar saber se já se tornaram dignos de penetrar os arcanos do Criador. Esses são os espíritas imperfeitos, alguns dos quais ficam a meio caminho ou se afastam de seus irmãos em crença, porque recuam ante a obrigação de se reformarem, ou então guardam as suas simpatias para os que lhes compartilham das fraquezas ou das prevenções.[3]
Então, é necessário que
tenhamos o cuidado para que nos inspiremos no que pode nos fazer bons espíritas
ou verdadeiros espíritas, que, para A. Kardec, caracterizando mais, ainda, as duas
categorias de espíritas, pode-se dizer que:
Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más. Enquanto um se contenta com o seu horizonte limitado, outro, que apreende alguma coisa de melhor, se esforça por desligar-se dele e sempre o consegue, se tem firme a vontade (grifos do autor).[4]
Então, é importante que
sejamos zelosos com o contato com a Doutrina Espírita para que possamos
aproveitar o máximo possível dela, tendo em vista nossa evolução espiritual.
Pois, para Emmanuel, nesta mensagem, devemos trabalhar, cada um de nós, com o
que recebemos, convictos “[...] de que o Supremo
Senhor não atende, no problema de manifestações espirituais, conforme o
capricho humano, mas, sim, de acordo com a utilidade geral.”
Que
Deus nos ajude.
Domício.
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