domingo, 16 de junho de 2024

MANIFESTAÇÕES ESPIRITUAIS

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MANIFESTAÇÕES ESPIRITUAIS

Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um, para o que for útil.

Paulo (I CORÍNTIOS, 12:7).

Com a revivescência do Cristianismo puro, nos agrupamentos do Espiritismo com Jesus, verifica-se idêntica preocupação às que torturavam os aprendizes dos tempos apostólicos, no que se refere à mediunidade.

A maioria dos trabalhadores na evangelização inquieta-se pelo desenvolvimento imediato de faculdades incipientes.

Em determinados centros de serviço, exigem-se realizações superiores às possibilidades de que dispõem; em outros, sonha-se com fenômenos de grande alcance.

O problema, no entanto, não se resume a aquisições de exterior.

Enriqueça o homem a própria iluminação íntima, intensifique o poder espiritual, através do conhecimento e do amor, e entrará na posse de tesouros eternos, de modo natural.

Muitos aprendizes desejariam ser grandes videntes ou admiráveis reveladores, embalados na perspectiva de superioridade, mas não se abalançam nem mesmo a meditar no suor da conquista sublime.

Inclinam-se aos proventos, mas não cogitam do esforço. Nesse sentido, é interessante recordar que Simão Pedro, cujo espírito se sentia tão bem com o Mestre glorioso no Tabor, não suportou as angústias do Amigo flagelado no Calvário.

É justo que os discípulos pretendam o engrandecimento espiritual, todavia, quem possua faculdade humilde não a despreze porque o irmão mais próximo seja detentor de qualidades mais expressivas. Trabalhe cada um com o material que lhe foi confiado, convicto de que o Supremo Senhor não atende, no problema de manifestações espirituais, conforme o capricho humano, mas, sim, de acordo com a utilidade geral.

NOSSA REFLEXÃO

A mediunidade foi a porta da Doutrina Espírita no seio da sociedade necessitada de informações mais precisas dos ensinamentos do Cristo. Sabemos que o Mestre prometeu enviar o Consolador que se constituiu no Espiritismo, 1857 anos depois de sua partida.[1]

Então, a Doutrina foi colocada à disposição para que as pessoas compreendessem as coisas que o Cristo não poderia explicar na sua estada entre nós. Isto se deu através da mediunidade.

O modo como foi recebido o fenômeno da mediunidade, separou os simpatizantes do Espiritismo em duas categorias de espíritas: aqueles que viam nos fenômenos uma possibilidade de crescimento e aqueles que se prendiam tão somente a eles.

O Espírito Erasto dissertando sobre a missão dos espíritas, nos alertou:

Arme-se a vossa falange de decisão e coragem! Mãos à obra! o arado está pronto; a terra espera; arai! Ide e agradecei a Deus a gloriosa tarefa que Ele vos confiou; mas atenção! entre os chamados para o Espiritismo muitos se transviaram; reparai, pois, vosso caminho e segui a verdade. Pergunta. – Se, entre os chamados para o Espiritismo, muitos se transviaram, quais os sinais pelos quais reconheceremos os que se acham no bom caminho? Resposta. – Reconhecê-los-eis pelos princípios da verdadeira caridade que eles ensinarão e praticarão. Reconhecê-los-eis pelo número de aflitos a que levem consolo; reconhecê-los-eis pelo seu amor ao próximo, pela sua abnegação, pelo seu desinteresse pessoal; reconhecê-los-eis, finalmente, pelo triunfo de seus princípios, porque Deus quer o triunfo de sua lei; os que seguem sua lei, esses são os escolhidos e Ele lhes dará a vitória;[2]

Temos, então, que destacar as características dos que se afastaram. Isto é feito por A. Kardec, quando trata dos bons espíritas:

Nalguns ainda muito tenazes são os laços da matéria para permitirem que o Espírito se desprenda das coisas da Terra; a névoa que os envolve tira-lhes a visão do infinito, donde resulta não romperem facilmente com os seus pendores, nem com seus hábitos, não percebendo haja qualquer coisa melhor do que aquilo de que são dotados. Têm a crença nos Espíritos como um simples fato, mas que nada ou bem pouco lhes modifica as tendências instintivas. Numa palavra: não divisam mais do que um raio de luz, insuficiente a guiá-los e a lhes facultar uma vigorosa aspiração, capaz de lhes sobrepujar as inclinações. Atêm-se mais aos fenômenos do que à moral, que se lhes afigura cediça e monótona. Pedem aos Espíritos que incessantemente os iniciem em novos mistérios, sem procurar saber se já se tornaram dignos de penetrar os arcanos do Criador. Esses são os espíritas imperfeitos, alguns dos quais ficam a meio caminho ou se afastam de seus irmãos em crença, porque recuam ante a obrigação de se reformarem, ou então guardam as suas simpatias para os que lhes compartilham das fraquezas ou das prevenções.[3]

Então, é necessário que tenhamos o cuidado para que nos inspiremos no que pode nos fazer bons espíritas ou verdadeiros espíritas, que, para A. Kardec, caracterizando mais, ainda, as duas categorias de espíritas, pode-se dizer que:

Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más. Enquanto um se contenta com o seu horizonte limitado, outro, que apreende alguma coisa de melhor, se esforça por desligar-se dele e sempre o consegue, se tem firme a vontade (grifos do autor).[4]

Então, é importante que sejamos zelosos com o contato com a Doutrina Espírita para que possamos aproveitar o máximo possível dela, tendo em vista nossa evolução espiritual. Pois, para Emmanuel, nesta mensagem, devemos trabalhar, cada um de nós, com o que recebemos, convictos “[...] de que o Supremo Senhor não atende, no problema de manifestações espirituais, conforme o capricho humano, mas, sim, de acordo com a utilidade geral.”

Que Deus nos ajude.

Domício.



[1] “Se me amais, guardai os meus mandamentos; e Eu rogarei a meu Pai e Ele vos enviará outro Consolador, a fim de que fique eternamente convosco: O Espírito de Capítulo VI 106 Verdade, que o mundo não pode receber, porque o não vê e absolutamente o não conhece. Mas quanto a vós, conhecê-lo-eis, porque ficará convosco e estará em vós. Porém, o Consolador, que é o Santo Espírito, que meu Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará recordar tudo o que vos tenho dito.” (João, 14:15 a 17 e 26). Vide interpretação espírita em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. VI (O Cristo Consolador).
[2] Vide, na íntegra, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XX (Os trabalhadores da última hora), Item 4 (Missão dos espíritas).
[3] Vide, na íntegra, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XVII (Sede perfeitos), Item 4 (Os bons espíritas).
[4] Vide, na íntegra, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XVII (Sede perfeitos), Item 4 (Os bons espíritas).

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