domingo, 21 de novembro de 2021

SERIA INÚTIL

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SERIA INÚTIL

Respondeu-lhes: Já vo-lo disse e não ouvistes; para que o quereis tornar a ouvir?

(JOÃO, 9:27).

É muito frequente a preocupação de muitos religiosos, no sentido de transformarem os amigos compulsoriamente, conclamando-os às suas convicções particularistas. Quase sempre se empenham em longas e fastidiosas discussões, em contínuos jogos de palavras, sem uma realização sadia ou edificante.

O coração sinceramente renovado na fé, entretanto, jamais procede assim.

É indispensável diluir o prurido de superioridade que infesta o sentimento de grande parte dos aprendizes, tão logo se deixam conduzir a novos portos de conhecimento, nas revelações gradativas da sabedoria divina, porque os discutidores de más inclinações se incumbem de interceptar-lhes a marcha.

A resposta do cego de nascença aos judeus argutos e inquiridores é padrão ativo para os discípulos sinceros.

Lógico que o seguidor de Jesus não negará um esclarecimento acerca do Mestre, mas se já explicou o assunto, se já tentou beneficiar o irmão mais próximo com os valores que o felicitam, sem atingir o alheio entendimento, para que discutir? Se um homem ouviu a verdade e não a compreendeu, fornece evidentes sinais de paralisia espiritual. Ser-lhe-á inútil, portanto, escutar repetições imediatas, porque ninguém enganará o tempo, e o sábio que desafiasse o ignorante rebaixar-se-ia ao título de insensato.

Não percas, pois, as tuas horas através de elucidações minuciosas e repetidas para quem não as pode entender, antes que lhe sobrevenham no caminho o sol e a chuva, o fogo e a água da experiência.

Tens mil recursos de trabalhar em favor de teu amigo, sem provocá-lo ao teu modo de ser e à tua fé.

NOSSA REFLEXÃO

Eis uma mensagem de Emmanuel muito oportuna, como todas. Ele nos orienta a não sermos proselitistas. Ou, seja, que não nos preocupemos em convencer o máximo possível de pessoas de que o que acreditamos é o que está certo.

É louvável que tenhamos a vontade de esclarecer as pessoas sobre o que o Espiritismo nos esclareceu. Contudo, uma informação só se torna conhecimento quando o que tem acesso à ela tem interesse por ela. Então, faz-se desnecessário nos tornarmos uma pessoa desagradável ao querer convencer quem não tem interesse sobre o que acreditamos ser uma verdade. Cada um no seu tempo para absorver algumas verdades.

Sobre isto, Allan Kardec nos disserta:

O Espiritismo, hoje, projeta luz sobre uma imensidade de pontos obscuros; não a lança, porém, inconsideradamente. Com admirável prudência se conduzem os Espíritos, ao darem suas instruções. Só gradual e sucessivamente consideraram as diversas partes já conhecidas da Doutrina, deixando as outras partes para serem reveladas à medida que se for tornando oportuno fazê-las sair da obscuridade. Se a houvessem apresentado completa desde o primeiro momento, somente a reduzido número de pessoas se teria ela mostrado acessível; houvera mesmo assustado as que não se achassem preparadas para recebê-la, do que resultaria ficar prejudicada a sua propagação.[1]

 

Então, em vez de queremos convencer a todos e a todas que o Espiritismo é a verdade, que nós sejamos exemplos vivos que a Doutrina Espírita é benéfica em nossas vidas e tem poder transformador, como Emmanuel nos convida em sua mensagem Candeia Viva do livro Fonte Viva.

Que, sem o intuito de convencer ninguém, possamos nos convencer, cada vez mais, de que o Espiritismo é uma ótima via para a nossa reforma íntima. Que nos coloquemos à disposição de quem queira ouvir uma explanação sobre algo de seu interesse. Assim, seremos mais úteis às pessoas no contexto religioso.

Como Emmanuel nos chama à atenção, nesta mensagem: “Lógico que o seguidor de Jesus não negará um esclarecimento acerca do Mestre, mas se já explicou o assunto, se já tentou beneficiar o irmão mais próximo com os valores que o felicitam, sem atingir o alheio entendimento, para que discutir?”

Que Deus nos ajude.

            Domício.


[1] Vide em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XXIV, Item 7.

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