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CONTA
PARTICULAR
Ah!
se tu conhecesses também, ao menos neste teu dia, o que à tua paz pertence!
Jesus (LUCAS, 19:42).
A exclamação de Jesus, junto de
Jerusalém, aplica-se muito mais ao coração do homem – templo vivo do Senhor –
que à cidade de ordem material, destinada à ruína e à desagregação nos setores
da experiência.
Imaginemos o que seria o mundo, se
cada criatura conhecesse o que lhe pertence à paz íntima.
Em virtude da quase geral desatenção a
esse imperativo da vida, é que os homens se empenham em dolorosos atritos,
assumindo escabrosos débitos.
Atentemos para a assertiva do Mestre –
“ao menos neste teu dia”.
Estas palavras convidam-nos a pensar
na oportunidade de serviço de que dispomos presentemente e a refletir nos
séculos que perdemos; compelem-nos a meditar quanto ao ensejo de trabalho,
sempre aberto aos espíritos diligentes.
O homem encarnado dispõe dum tempo
glorioso que é provisoriamente dele, que lhe foi proporcionado pelo Altíssimo
em favor de sua própria renovação.
Necessário é que cada um conheça o que
lhe toca à tranquilidade individual. Guarde cada homem digna atitude de
compreensão dos deveres próprios e os fantasmas da inquietude estarão
afastados. Cuide cada pessoa do que se lhe refira à conta particular e dois
terços dos problemas sociais do mundo surgirão naturalmente resolvidos.
Repara as pequeninas exigências de teu
círculo e atende-as, em favor de ti mesmo.
Não caminharás entre as estrelas,
antes de trilhares as sendas humildes que te competem.
NOSSAS REFLEXÕES
A sensação de paz, em nós, surge quando nos sentimos
realizados em relação aos nossos deveres. O que seria, então, o dever? Para o
Espírito Lázaro, “dever é a obrigação moral da criatura para consigo mesma,
primeiro, e, em seguida, para com os outros. O dever é a lei da vida. Com ele
deparamos nas mais ínfimas particularidades, como nos atos mais elevados”[1]. Em
se tratando do dever moral, ele continua: “O dever principia, para cada um de
vós, exatamente no ponto em que ameaçais a felicidade ou a tranquilidade do
vosso próximo; acaba no limite que não desejais ninguém transponha com relação
a vós”
Então, na ordem das relações humanas, devemos seguir o
Cristo, com a compreensão de quem já passou inúmeras vezes pelos processo de se
indagar em relação à pergunta à Sua pergunta, inspiração do Espírito Emmanuel
para escrever esta página.
Paz implica em mansuetude e humildade. Elementos chave das bem-aventuranças
sobre “os que são brandos e pacíficos” (MATEUS, 5:5 e 9) e “os pobres de espíritos” (MATEUS, 5:3), respectivamente.[2]
Então, em todas as nossas atividades na sociedade pedem que
estejamos com o Espírito desarmado, mesmo em situações que nos pedem uma posição
mais enérgica perante uma injustiça, uma violência ou exploração do homem pelo
homem, às quais devemos nos posicionar contra, pois o Cristo não nos ensinou a
ser cúmplices da falta de empatia com os nossos semelhantes. Ele mostrou uma
atenção especial para com os pobres e estropiados, bem como para com as
criancinhas. Seres que podem estar em profunda vulnerabilidade social. Mas o
envolvimento de cada um e de cada uma, nesse processo, não necessariamente deve
ser do mesmo modo. Cada um e cada uma deve agir conforme a sua consciência.
Mas de todo modo, se lutarmos contra, que lutemos com esperança,
pacificamente, contra as injustiças sociais, sem afetar, moral e fisicamente,
aqueles que cometem injustiças e violências.
Que saibamos pensar como o Cristo nos lembrou em relação à
nossa paz, em qualquer momento de nossas vidas.
Que Deus nos ajude.
Domício.